Título: Em busca de nomes ao Senado
Autor: Maakaroun, Bertha
Fonte: Correio Braziliense, 19/06/2010, Política, p. 10

ELEIÇÕES 2010

PSDB encontra dificuldades para lançar candidatos em pelo menos quatro estados

Sem palanques regionais próprios no Rio de Janeiro, no Distrito Federal, em Pernambuco e na Bahia, o PSDB está em dificuldades para tocar a estratégia de, segundo anunciou o presidente nacional e senador Sérgio Guerra (PE), dar mais visibilidade à legenda e à candidatura à Presidência da República de José Serra (PSDB), com o lançamento de nomes ao Senado nesses estados. Em Pernambuco, até agora, não há um tucano de consenso para ocupar a segunda vaga ao Senado, na chapa majoritária encabeçada por Jarbas Vasconcelos (PMDB), que tem uma suplente democrata e o senador Marco Maciel (DEM) candidato à reeleição. Sérgio Guerra, que seria a indicação natural à reeleição, pretende concorrer à Câmara dos Deputados.

Enquanto na Bahia a situação é mais fácil de resolver, uma vez que o senador Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM) ainda não confirmou a intenção de concorrer à reeleição, no Distrito Federal, o palanque tucano enfrenta mais um problema. Joaquim Roriz (PSC), que encabeçaria a chapa ao governo com o apoio tucano, poderá estar inelegível, segundo novo entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No Rio de Janeiro, a nova estratégia tucana de lançar um nome ao Senado desaloja o pré-candidato ao Senado do PPS, Marcelo Cerqueira, da coligação fechada em torno do PV, DEM e do PPS. Para tentar solucionar o impasse, o presidente estadual do PSDB, José Camilo Zito, adiou a convenção que homologaria hoje o apoio à candidatura de Fernando Gabeira (PV) ao governo do Rio e a aliança majoritária com o PPS, PV e o DEM.

Roriz e Abadia Sem um palanque para Serra também no Distrito Federal, o PSDB quer lançar a ex-governadora Maria de Lourdes Abadia (PSDB) ao Senado. Os tucanos buscaram aproximação com o ex-governador e ex-democrata Joaquim Roriz (PSC), como forma de enfrentar a aliança entre petistas e peemedebistas que se alinhava, com a adesão do PDT, do senador Cristovam Buarque. Entretanto, as negociações entre tucanos, democratas e Roriz estão complicadas no DF. Não só o presidente do PPS, Roberto Freire, advertiu o PSDB de que não aceitaria uma aliança com Roriz, como este, agora, pelo novo entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estaria inelegível pelo prazo de oito anos, contados a partir do período em que seu mandato terminaria, já que renunciou para não ser cassado. Pela decisão, Roriz ficaria inelegível até 2023, pois seu mandato de senador seria concluído só em 2015, segundo a interpretação dada à lei.

Mas os problemas dos palanques regionais para dar sustentação à candidatura de Serra não param por aí. No Ceará, em que pese a boa notícia para o staff tucano do afastamento político do senador Tasso Jereissatti (PSDB) e do governador Cid Gomes (PSB), o PSDB se rearticula politicamente, mas sem ameaçar o favoritismo do governador Cid Gomes (PSB). Tasso Jereissatti, que disputará o Senado novamente, se reaproximou do ex-governador Lúcio Alcântara (PR) para encabeçar a chapa ao governo. O PPS poderá integrar a coligação, que tem como adversários, além de Cid Gomes, os deputados federais José Pimentel (PT) e Eunício Oliveira (PMDB), ambos candidatos ao Senado. O PSDB do Ceará incentiva o lançamento de nomes de outros partidos, como o PV, que precisa de palanque para Marina Silva, para tentar forçar um segundo turno.

No Pará, são os democratas que pedem uma das vagas ao Senado, destinado ao senador Flexa Ribeiro (PSDB), candidato à reeleição, para Valéria Pires, mulher do deputado federal Vic Pires. Também cotada para vice de José Serra, os tucanos paraenses torcem para que emplaque, resolvendo o impasse na coligação regional. Se não tiverem a vaga ao Senado, os democratas ameaçam romper com a coligação encabeçada por Simão Jatene (PSDB) e apoiar a governadora petista Ana Júlia. Em Santa Catarina, o PMDB nacional intervém para desmontar a coligação formada por democratas, tucanos e peemedebistas em torno do senador democrata Raimundo Colombo. A intervenção ocorre por conta da desistência de Pinho Moreira (PMDB) de disputar o governo de Santa Catarina, depois de ter participado de prévias com o prefeito de Florianópolis, Dario Berger, que, derrotado, se sujeitou à decisão dos militantes.

¿MARTELADAS NO ELEITOR¿ » O comando do PSDB decidiu lançar candidatos majoritários ao Senado ¿ com o número 45 ¿ nos estados em que não tem palanque próprio, numa tentativa de ¿martelar¿ o número do candidato à Presidência, José Serra. Os candidatos ao Senado terão, a partir de 15 de agosto, 30 minutos do horário eleitoral, distribuídos em dois blocos, às segundas, quartas e sextas-feiras , além de seis minutos em inserções diárias.

Colaborou Josué Nogueira

Ser vice é única opção de Patrus

Ezequiel Fagundes

Considerado o único nome capaz de estimular a militância petista a apoiar a candidatura de Hélio Costa na aliança PMDB-PT ao governo do estado, o ex-ministro de Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias (PT) sinalizou ontem que dificilmente vai se candidatar a deputado federal. Ele afirmou que, até agora, pensa em ser vice na chapa ou então não concorrerá a nenhum cargo.

¿Não quero fechar nenhuma porta, mas, neste momento, estou me colocando em dois cenários. Aceitar com muita honra o convite de ser vice na chapa do ministro Hélio Costa, atendendo à demanda majoritária do PT e dos movimentos sociais, ou militar numa linha voltada diretamente para as bases do partido¿, afirmou.

Nos últimos dias, Patrus vem sofrendo pressões de todos os lados do partido para aceitar o convite, apesar de já ter declarado publicamente que não vai assumir o papel de ¿salvador da pátria¿. Ele participou ontem da posse da diretoria da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg) no Sesc Venda Nova, em Belo Horizonte.

Hélio Costa, que inicialmente confirmou presença no evento por meio da assessoria, não compareceu, alegando problemas na agenda. Seria a primeira aparição pública dos dois ex-ministros depois que a cúpula nacional do PT decidiu impor o nome de Costa. Evitando falar sobre campanha, Costa disse à noite, durante lançamento de seu livro em um shopping da capital, estar ¿esperançoso¿ com uma definição rápida.

Antes de discursar para uma plateia de aproximadamente 300 trabalhadores rurais, Patrus deixou claro que vai adiar ao máximo a decisão de aceitar ou não a vaga. Hoje, ele será aclamado vice de Costa pelas várias esferas que compõem o partido no primeiro dia do encontro estadual da legenda. ¿Vou usar o prazo legal, mas é claro que quanto antes melhor. Tenho conversado com as correntes do partido e pessoas ligadas aos movimentos sociais para encontrar a melhor solução¿, afirma. A convenção do PT está marcada para o dia 27.

HELOISA HELENA ENTRA NA DISPUTA » Heloisa Helena, vereadora em Maceió, é oficialmente candidata ao Senado pelo PSOL, e o engenheiro agrônomo Mário Agra vai disputar o governo de Alagoas pelo partido. As duas candidaturas majoritárias foram homologadas ontem pela manhã, durante a convenção do PSOL local, realizada no plenário da Assembleia Legislativa do Estado. Também foi oficializado Maurício Dias como candidato a vice de Agra. O partido apresentou ainda 15 candidatos a deputado federal e 32 a deputado estadual durante o evento. Heloisa disse que está confiante para sua volta ao Senado. ¿Sei que não será uma campanha fácil, já que disputar eleições em Alagoas é enfrentar uma máquina de moer gente, sonhos e dignidade.

Mesmo assim, estamos confiantes da vitória¿, afirmou.