Título: PAC 2 ganha roupagem para alavancar Dilma
Autor: Lyra , Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 23/03/2010, Política, p. A8

OPAC 2, que será lançado na segunda-feira, em Brasília, servirá parafortalecer o discurso eleitoral da pré-candidata a presidente pelo PT,Dilma Rousseff. Aos empresários, ela será ratificada como condutora doprimeiro Programa de Aceleração do Crescimento que, se eleita, darácontinuidade às obras de infraestrutura no país. O PAC 2 servirá,também, como uma resposta à oposição, que chegou a ameaçar terminar como PAC caso José Serra (PSDB) seja eleito presidente. Para os eleitores,a segunda fase do programa mostrará um governo que retomou a capacidadedo planejamento e que não deixa o Brasil sem rumo.

"Doponto de vista concreto, as obras de 2011 a 2014 significam pouco paraa população. Mas é uma mensagem forte sobre a importância dacontinuidade", admitiu um auxiliar do presidente Luiz Inácio Lula daSilva.

Para alavancaro discurso político, algumas iniciativas foram incluídas no novo PAC.Haverá uma ênfase maior nas obras de infraestrutura urbana e social,como a construção de novas linhas de metrô e a previsão deinvestimentos na contenção das enchentes e na dragagem de rios ecórregos. Quando o presidente Lula anunciou esta diretriz o Estado deSão Paulo, governado por José Serra, provável adversário de Dilma emoutubro, sofria com sucessivos alagamentos e desabamentos.

Pequenasações também servirão para aproximar Dilma de uma parte do eleitoradoainda refratário a ela: o público feminino. Embora não tenha aindadefinição de investimentos, o PAC 2 reservará recursos para aconstrução de creches, nas áreas de educação e saúde. Na tarde deontem, a ministra e o presidente Lula participaram da primeira reuniãocom a "parte social" do PAC2, envolvendo, além de ministros dessas duasPastas, os representantes dos ministérios da Cultura e do Esporte.

Auma semana do lançamento, Lula, Dilma e os demais ministros apressam-sea fechar os últimos detalhes do anúncio, para o qual serão convidadosos governadores, prefeitos de capitais, parlamentares, empresários erepresentantes dos movimentos sociais. Um mutirão de servidores dediversas Pastas foi convocado para definir os projetos que farão partedo programa. Para o governo, não há problemas em incluir iniciativasque ainda não estão com os detalhes iniciais definidos. É o caso doPlano Nacional de Banda Larga (PNBL), a ser concluído de fato em meadosde abril. Segundo fontes oficiais, o PAC 2 serve como diretriz parainvestimentos futuros. Além disso, ao receber o carimbo do programa, asobras ficam livres da ameaça de contingenciamento.

Serãoincluídas iniciativas que receberam financiamentos na primeira ediçãodo PAC mas que, por motivos diversos, não avançaram. O PAC 2concentrará ações em saneamento e habitação nas regiões metropolitanase a construção do que o governo chama de "equipamentos públicos":postos policiais e de saúde e quadras esportivas.

Lulajá participou, até o momento, de cinco grandes reuniões setoriais paradefinir as ações do PAC 2, além da realizada na noite de ontem. Ao ladode Dilma, o presidente reuniu-se primeiro com os responsáveis pelasáreas de transportes, rodovias, ferrovias, hidrovias e portos. Osegundo encontro foi com os responsáveis pelas obras de saneamento ehabitação. Lula ainda teve reuniões específicas com representantes dosetor de energia (incluindo petróleo e gás) e recursos hídricos.

Aindanão há definição se o Minha Casa Minha Vida 2 será incluído no PAC ouse terá tratamento individual. A decisão de inaugurar uma segunda etapado programa habitacional já foi tomada. O governo calcula que, até ofim de 2010, 1 milhão de moradias estarão "contratadas" - a metainicial era que estas moradias estivessem construídas antes do fim dogoverno Lula. Segundo auxiliares do presidente, a maior pressão paraque uma nova versão do Minha Casa fosse lançada partiu dos empresáriosda construção civil.