Título: PAC foca em projetos sociais genéricos
Autor: Fariello, Danilo
Fonte: Valor Econômico, 30/03/2010, Política, p. A7

de Brasília

Um dos últimos atos dogoverno antes da desincompatibilização da ministra-chefe da Casa Civil,Dilma Rousseff, para a disputa presidencial, a segunda versão do Planode Aceleração do Crescimento (PAC 2) põe mais foco sobre projetossociais do que em infraestrutura. O anúncio visou a traduzir o programapara a realidade dos eleitores . "O PAC não é uma cifra, um canteiro ouuma lista, mas é uma realização humana em parcerias e a transformaçãodo dinheiro público e privado em qualidade de vida e desenvolvimento",afirmou Dilma Rousseff. Estãoprevistos investimentos de até R$ 1,59 trilhão a partir de 2011, sendomais de R$ 600 bilhões projetados para depois de 2014. O anúncio do PAC2, cercado de pompas, foi genérico. São poucos os recursos com destinojá definidos e o governo admitiu que poderá rever os números,apresentados na solenidade de ontem, até junho. Os projetos jádefinidos têm, ainda, pendências burocráticas, que, segundo opresidente Luiz Inácio Lula da Silva, são os maiores entraves para arealização de obras. "Não falta dinheiro para obras atualmente", disseLula. Como exemplo de projeto paralisado pela burocracia, citou aferrovia Nova Transnordestina. Até junho, o núcleo coordenador do PAC, formado por ministros, vai se reunir "para destrinchar cada coisa" entre os mais de 10 mil projetos possíveis, informou o presidente. Ontem, por exemplo, Dilma anunciou diversos investimentos ainda à espera de projetos. Entre eles, estão R$18 bilhões na área de mobilidade urbana, que podem ser de qualquer tipo e em qualquer grande cidade do país. Outros R$ 23 bilhões incluídos nosubsegmento chamado Comunidade Cidadã não têm localização definida.Incluem-se nessa categoria Unidades de Pronto Atendimento (UPA), creches e até as novas "praças do PAC", uma espécie de complexo esportivo-cultural. Serão 800 praças espalhadas pelo país no valor total de R$ 1,6 bilhão. O Plano Nacional de Banda Larga não foi incluído no PAC 2 porque não foi feito a tempo. Dos seis subgrupos do PAC 2, quatro visam a mudanças nos municípios ou mesmo em bairros, como afirmou Dilma. Foram incluídos no programa as categorias Cidade Melhor, Minha Casa, Minha Vida, Água e Luz para Todo se o citado Comunidade Cidadã. O governo também anunciou nova meta para o programa Minha Casa, MinhaVida, de 2 milhões de novas moradias. Até hoje, na primeira versão do programa, foram contratadas 400 mil habitações e pretende-se chegar ao fim do ano a 1 milhão. "Com isso, o déficit (habitacional) de 6 milhões de casas pode ser reduzido pela metade", disse Dilma. Ela afirmou, ainda, que a nova fase do projeto prevê aquecedor solar em todas as residências feitas com financiamento da Caixa. O PAC 2 prevê investimentos acima de R$ 1 trilhão em energia nos próximos anos. Desses, quase R$ 900 bilhões serão aplicados pela Petrobras e R$137 bilhões serão investidos para criar mais 47 mil megawatts (MW) emgeração hídrica. Outros R$ 9,7 bilhões serão destinados a fontes alternativas - eólicas e biomassa - para gerar 2 mil MW. No setor de transportes, prevê-se investimentos de R$ 109 bilhões, dosquais R$ 104,5 bilhões serão aplicados até 2014. Desse total, R$ 50,4 bilhões são para rodovias, que considera a construção de novos 8 milquilômetros. Outra parte relevante do investimento em logística será destinado a ferrovias: R$ 46 bilhões. Parte disso levará à expansão de 4.696 km da malha ferroviária nacional. Dilma admitiu que o projeto do Trem de Alta Velocidade custará mais do que os R$ 34,6 bilhões previstos no PAC e lançou projetos para estendê-lo, de São Paulo a Curitiba, Uberlândia e Belo Horizonte. Do total de R$ 958 bilhões em investimentos previstos para até 2014, R$220 partirão do Orçamento, R$ 300 bilhões de estatais, principalmenteda Petrobras, R$ 186 bilhões de financiamento apessoas físicas, para habitação, e R$ 95 bilhões serão financiamento a órgãos públicos. O governo estima, também, R$ 46 bilhões de investimentos privados.