Título: Lula festeja libertação de presos políticos
Autor: Vaz, Viviane
Fonte: Correio Braziliense, 15/07/2010, Mundo, p. 25

Presidente compara anistia à própria saída da prisão, em 1980, e parabeniza a Igreja Católica. Mais quatro ex-prisioneiros chegam a Madri e se somam ao grupo de sete dissidentes soltos na segunda-feira

No dia em que mais dois presos políticos cubanos chegaram a Madri, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva celebrou ontem, em Brasília, a decisão do governo cubano de libertar 52 prisioneiros políticos ¿ nove deles já estão na Espanha, sob a condição de imigrantes. ¿Eu fiquei tão feliz que os cubanos soltaram os presos, como eu feliz quando eu fui solto da cadeia em maio de 1980¿, disse Lula, ao término da cúpula Brasil-União Europeia. ¿(Naquela ocasião) eu tinha um pássaro preso que eu até soltei de tanta alegria¿, recordou.

Além do governo cubano, Lula parabenizou a Igreja Católica. E, apesar de nunca ter feito um apelo público pelos detidos em suas visitas oficiais a Cuba, ele ressaltou sua participação na ajuda à libertação de uma francesa e de três norte-americanos no Irã. ¿Esperamos que todos os países soltem as pessoas consideradas presos políticos¿, destacou o mandatário brasileiro. ¿Sempre que a gente puder, a gente vai pedir, mas é importante lembrar que, se a gente tentar fazer pirotecnia, a gente não liberta e só piora a situação dessas pessoas¿, completou. Ao lado de Lula, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, também defendeu ¿um envolvimento construtivo¿ do bloco europeu com a ilha. ¿Esperamos que o diálogo com Cuba conduza à libertação de todos os presos políticos¿, disse Barroso.

O Aeroporto Internacional de Barajas, em Madri, receberá hoje outros dois ex-prisioneiros de consciência: Luis Milán, 40 anos, e Mijail Bárzaga, 43. Ainda restarão 115 presos políticos na ilha ¿detidos durante a chamada Primavera Negra de 2003, quando foram condenados a longas penas de prisão por supostamente atentar contra a soberania e independência do Estado, conspirar com os Estados Unidos e arruinar os princípios da revolução.

Madri acolheu ontem os jornalistas cubanos Normando Hernández, de 40 anos, condenado a 25 anos de prisão, e Omar Rodoríguez, de 44 anos, diretor da agência Nueva Prensa e sentenciado a 27 anos de prisão. Eles chegaram às 14h locais (9h de Brasília) em um voo comercial da Iberia, acompanhados de 13 familiares. Ambos se somaram ao grupo de sete ex-presos recebidos pelo governo espanhol na terça-feira ¿ Pablo Pacheco, José Luis García Paneque, Léster González, Antonio Villarreal, Julio César Gálvez, Omar Ruíz e Ricardo González. ¿Essas libertações não são o último passo¿, destacou Ricardo, acrescentando que o ocorrido deveu-se à liderança do cardeal Jaime Ortega e do ¿acompanhamento do governo espanhol¿.

Homenagens Em um comunicado conjunto, os dissidentes também recordaram o ¿martírio de Orlando Zapata¿, que morreu em greve de fome pedindo a libertação de todos os presos políticos; o dissidente Guillermo Farinãs, que realizou um jejum de 135 dias; e a ¿fé inquebrantável¿ das Damas de Branco, movimento formado por mulheres, mães e irmãs de familiares dos presos políticos). Raúl anunciou as libertações na semana passada, durante visita a Cuba do ministro espanhol de Relações Exteriores, Miguel Ángel Moratinos. O chanceler e a Igreja Católica apelaram pela anistia.

Fuga improvisada

Um avião de vigilância da Patrulha de Fronteiras e Aduanas dos Estados Unidos (CBP, pela sigla em inglês) detectou a embarcação a apenas 80km do sul de Marathon (Flórida). Abordado pela Guarda Costeira norte-americana, o barco improvisado levava um refugiado cubano e estava 23 dias à deriva no Mar do Caribe. O imigrante deixou Havana em 20 de junho passado em um bote fabricado com espuma de 2m de espessura. Segundo as autoridades dos EUA, ele estava gravemente desidratado. O governo norte-americano decidiu devolvê-lo à ilha socialista com outros sete imigrantes interceptados uma semana antes a apenas 40km de Key West.

Ouça as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.