Título: Sindicato vai à Justiça
Autor: Caprioli, Gabriel
Fonte: Correio Braziliense, 22/07/2010, Economia, p. 19

funcionária que acusa o Banco do Brasil de assédio moral preferiu não comentar as denúncias, alegando já ter enviado as solicitações aos órgãos competentes.

Em uma das cartas, ela relata a dificuldade que a Ouvidoria tem em apurar irregularidades. A localização da Ouvidoria Interna no quinto escalão da arquitetura organizacional do BB traz dificuldades previsíveis de cunho políticoinstitucional. Como uma gerente de divisão vai conduzir denúncias de superintendentes, gerentesexecutivos, diretores e demais funções estratégicas? A OGU, órgão subordinado à Controladoria-Geral da União (CGU), confirmou o recebimento das denúncias no mês passado e ressaltou que, ao relatar o pedido de aposentadoria, a ex-funcionária enfatizou a falta de autonomia operacional como um dos principais problemas que a expunham ao assédio moral. A OGU pediu explicações ao banco, que ainda não respondeu à acusação. Ao Correio, a assessoria da instituição informou que a demanda da funcionária aposentada refere-se a processos internos e está send avaliada por instâncias internas, que tratam de tais assuntos.

O caso também foi levado ao Sindicato dos Bancários de Brasília, que prepara a documentação para acionar o BB na Justiça. De acordo com o diretor do sindicato, Rafael Zanon, casos envolvendo denúncias de assédio moral ainda são de difícil resolução. O assunto é novo e ainda há uma certa dificuldade em resolver esses casos administrativamente.

O que a gente normalmente faz, com a autorização do funcionário, é mandar para o Judiciário. Recentemente, o BB foi condenado pela 6ª vara do trabalho a pagar R$ 200 mil a uma funcionária que afirmou sofrer constantes retaliações por parte do banco após participar de uma greve, em 2008. Na época, ela teve seus pertences retirados do local de trabalho e foi vítima de campanhas difamatórias. Ao responder a muitos dos pontos da ação, o banco afirmou que se tratavam de devaneios da funcionária.

De acordo com a OGU, a solicitação da funcionária pode resultar na abertura de uma sindicância para investigação no banco. Caso seja constatado o assédio moral, a instituição pode sofrer um processo administrativo disciplinar.

O BB informou, por meio da assessoria de imprensa, que o Conselho de Administração, presidido pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, recebeu as reclamações e as encaminhou aos departamentos do banco que têm competência para a análise. (GC)