Título: Com inflação em alta, investidores fazem aposta sobre alta dos juros
Autor: Oakley, David
Fonte: Valor Econômico, 16/02/2011, Finanças, p. C2

Financial Times, de Londres

Centenas de bilhões de dólares trocaram de mãos neste ano, em apostas sobre quando acontecerão aumentos de taxas nos Estados Unidos, no Reino Unido e na região do euro. Os volumes de negociação dispararam nesses mercados devido à crescente ameaça de inflação. Os mercados financeiros estão apostando que o Reino Unido será o primeiro país a elevar as taxas em junho, seguido pelo Banco Central Europeu em setembro e, finalmente, pelo Banco Central dos EUA em dezembro.

Os aumentos crescentes nos preços dos alimentos e das commodities levaram os mercados a antecipar expectativas de aumentos de taxas, desencadeando o salto nos volumes, à medida que a inflação se transforma em um dos maiores temores para empresários, consumidores e investidores.

O crescente foco sobre a inflação também ativou um debate em torno da exatidão dessas previsões, com opiniões divididas sobre a medida de confiança que os investidores devem depositar nelas. Don Smith, economista no Icap, disse: "As projeções dos mercados são o melhor guia que se pode ter.

De certa forma elas são previsões multibilionárias, devido à enorme quantia de dinheiro que está por trás das transações que as criaram".

Alguns analistas também argumentam que as projeções de taxas podem ser autorrealizáveis, já que bancos centrais não gostam de surpreender os mercados. Entretanto, John Wraith, analista de renda fica do Bank of America Merrill Lynch, disse: "As expectativas das taxas do mercado são indicadores úteis, mas elas só lhe dizem a visão consensual do mercado em algum dado ponto no tempo.

As circunstâncias mudam, assim como elas". Wraith acredita que as taxas no Reino Unido, por exemplo, poderão ser adiadas para além de junho, à medida que os formuladores de políticas estão mais preocupados com o fraco crescimento a despeito da inflação crescente, que, a 3,7%, está a quase o dobro da meta de inflação do banco da Inglaterra.

Existe também uma opinião de que aumentos nas taxas hipotecárias a juros fixos e alguns custos de empréstimo das companhias estejam na prática apertando a política monetária para o Banco da Inglaterra, o que significa que as taxas talvez não precisem ser aumentadas tão cedo como o mercado espera.

A maioria dos analistas, porém, diz que os mercados são mais precisos hoje do que foram no passado, à medida que os contratos - conhecidos como swaps de índices overnight no Reino Unido e na zona do euro, e fundos de futuros do Fed nos EUA - usados para fazer as previsões são mais amplamente transacionados com centenas de bancos e fundos de investimento que fazem apostas.

Corretores de títulos dizem que estimativas aproximadas mostram que o giro diário aumentou para aproximadamente US$ 200 bilhões em fundos futuros do Fed e para aproximadamente US$ 20 bilhões em cada um dos mercados de swaps de índices overnight no Reino Unido e na região do euro.