Título: Câmbio e recuo de commodities fazem preço industrial subir menos
Autor: Rosas, Rafael
Fonte: Valor Econômico, 03/06/2011, Brasil, p. A4

Do Rio

Os preços das commodities e a variação cambial contribuíram para que o Índice de Preços ao Produtor (IPP), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desacelerasse de 0,39% em março para 0,34% em abril. Os alimentos recuaram 1,21% entre março e abril, com uma contribuição negativa de 0,22 ponto percentual para o IPP, enquanto a persistente queda do dólar ajudou a baixa do IPP nos setores de papel e celulose, que recuou 1,72%; em outros equipamentos de transporte, com redução de 2,07%; e em fumo, que caiu 2,78%.

"Nos últimos dois meses os alimentos são, com certeza, a maior influência de baixa", afirmou Alexandre Brandão, gerente do IPP, lembrando a retração das commodities este ano, depois do forte avanço em 2010. Ele ponderou que a trajetória das commodities e a chegada da safra contribuem para as quedas do açúcar cristal, dos sucos concentrados de laranja e do açúcar demerara, enquanto o leite permanece na entressafra, com preços em alta. Juntos, esses quatro produtos responderam por 0,98 ponto percentual da queda de 1,21% dos alimentos.

O técnico do IBGE explicou que papel e celulose, outros equipamentos de transporte e fumo têm grande parte da produção exportada, o que significa que as informações prestadas na pesquisa consideram os preços em dólar. Quando aplicada a taxa de câmbio, os valores mostram redução em reais, dada a crescente valorização da moeda brasileira.

Em sentido contrário, metalurgia, refino e outros produtos químicos puxaram para cima o índice em abril. A metalurgia registrou alta de 2,41%, toda ela observada em três grupos de produtos: lingotes, blocos ou placas de aço ao carbono; bobinas a quente de aços ao carbono, não revestidos; e chapas frias e tiras de alumínio de forma quadrada ou retangular. No total, a metalurgia contribuiu com 0,20 ponto percentual para o IPP de abril.

No acumulado dos quatro primeiros meses de 2011, os produtos têxteis subiram 11,34% na comparação com igual período do ano passado e contribuíram com 0,24 ponto percentual para a alta de 1,74% acumulada pelo IPP. Mais uma vez, o refino e os outros produtos químicos aparecem com destaque. No caso do primeiro setor, a alta entre janeiro e abril chega a 6,14% e a contribuição atinge 0,66 ponto percentual para o IPP, também impulsionado pelo álcool. Os outros produtos químicos avançaram 9,10% no acumulado, com contribuição de 0,93 ponto percentual para o índice cheio.

Os alimentos também ajudam a conter o índice acumulado e tiveram queda de 1,50% desde janeiro e contribuição negativa de 0,28 ponto percentual para o IPP. A cadeia da soja, o açúcar cristal e o arroz puxaram a queda e responderam por 1,54 ponto percentual para a queda dos alimentos entre janeiro e abril, enquanto os outros produtos responderam por uma alta de 0,04 ponto percentual.