Título: Estrela das inserções do PMDB, Pezão é lançado a 2014
Autor: Moura, Paola de
Fonte: Valor Econômico, 30/08/2011, Política, p. A8

Do Rio

No Rio de Janeiro, a campanha já está no ar. Mas não apenas para a prefeitura em 2012 e, sim, para governador em 2014. Desde quarta-feira, o vice-governador Luiz Fernando Pezão é a estrela das inserções gratuitas que o PMDB está fazendo em todos os canais abertos de televisão. Na região metropolitana, Pezão ainda divide o espaço com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, candidato à reeleição. No entanto, no interior, ele é a única personalidade do partido a apresentar as realizações do governo estadual.

Pezão já foi oficialmente anunciado como o sucessor do governador Sérgio Cabral, que encerrará em 2014 seu segundo mandato. Com grande articulação política em todo o Estado e peça-chave nas negociações no interior, ele agora busca a popularidade. "Temos uma estratégia. O Pezão nunca disputou uma eleição majoritária, precisamos aumentar sua visibilidade", confirma o presidente do partido no Rio, o ex-deputado estadual Jorge Picciani.

O ex-deputado conta que, quando começou sua campanha na televisão ao Senado, no ano passado, era conhecido por apenas 22% da população. Depois dos 45 dias, passou para 88%. "O Lindbergh saiu de 67% para 93%. Já o Crivella [senador Marcelo Crivella] e o Cesar Maia [ex-prefeito] saíram com 99%", explica Picciani.

Segundo ele, hoje o vice-governador já é conhecido por 65% da população. "Mas temos 35% que precisamos conquistar para começar a campanha, em agosto de 2014, em pé de igualdade". A meta é chegar a mais de 90%".

A maior preocupação atualmente é com o senador Lindbergh Farias (PT). Apesar de aliado do governo estadual, o senador anunciou no dia 5 de agosto, na convenção do PT no Rio, ser oficialmente pré-candidato ao governo de Estado para 2014. Em 2010, Lindbergh foi eleito como candidato ao Senado mais votado por 4,2 milhões de pessoas. O governador Cabral, teve 5,2 milhões de votos, com 66,08%.

Esta foi a primeira vez que o vice-governador apareceu oficialmente em propaganda do PMDB. São quatro dias com 10 inserções diárias em todos os canais abertos. O PMDB filmou cinco programas diferentes para cada região do Estado: Sul, Serrana, Lagos, Norte e Noroeste, e Metropolitana. Em cada uma delas, Pezão aparece ao lado de uma grande obra local do governo Cabral. Na Região Metropolitana, por exemplo, o vice-governador apresenta o teleférico do Morro do Alemão.

No Estado, Pezão é o homem que toca as obras públicas e foi sempre o primeiro a chegar em grandes tragédias, como a de Angra dos Reis em janeiro de 2010. Na maior de todas, a da região Serrana, em abril deste ano, o vice-governador praticamente morou e governou os principais municípios atingidos por quase um mês. Foi ele o responsável por coordenar os órgãos públicos das três instâncias que atuaram na região nos primeiros meses.

O cientista político da PUC do Rio, Ricardo Ismael, lembra que Pezão também está sempre presente em inaugurações e é quem negocia as verbas com a presidente Dilma Rousseff para as obras. Por esta habilidade, o governador decidiu, há uma semana, promover Pezão. Ele deixará a secretaria de Obras, cargo que ocupa desde 2007, no primeiro governo Cabral, e passará a ocupar o cargo de diretor do Comitê Executivo de Infraestrutura do Estado. Sob a nova pasta ficarão todas as decisões sobre obras e grandes investimentos do Estado e deverão se reportar a Pezão os secretários de Fazenda, Planejamento, Meio Ambiente, Obras, Habitação e Transportes.

"A televisão é fundamental na campanha. Até hoje, Pezão era a eminência parda de Cabral. Agora, ele precisa assumir a liderança porque Cabral quer fazer dele a Dilma de Lula", brinca Ismael. "Além disso, ele não é tão carismático como o Lindbergh. Por isso, precisa sair na frente". O cientista político lembra ainda que Pezão precisa aparecer agora para fazer campanha, posteriormente, com os candidatos a prefeito no interior do Estado. "Não podemos esquecer que temos em jogo uma eleição municipal no ano que vem", lembra Ismael.

Picciani concorda e explica que Pezão irá fazer campanha no interior. "Não podemos pulverizar pelos 35 prefeitos a campanha. Concentramos numa pessoa estratégica", conclui.