Título: Farc longe de ser prioridade
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 02/09/2010, Política, p. 3

Após encontro com presidente colombiano, Dilma diz que só atuará no diálogo com a guerrilha se o país vizinho solicitar

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, aproveitou o encontro com o presidente eleito da Colômbia, Juan Manuel Santos, para colocar as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) como uma questão mais do adversário (José Serra) do que da Colômbia uma referência clara às declarações da equipe tucana que tentou vincular o PT com a guerrilha. Temos uma posição clara em relação às Farc, que é contrária ao narcotráfico. Não temos por que participar de qualquer atitude de pacificação ou de diálogo com as Farc, a não ser que a Colômbia nos peça. Em momento algum o presidente (Santos) perguntou a respeito. É mais uma questão do meu adversário do que da Colômbia, declarou Dilma, ao sair de um encontro de meia hora com Santos na embaixada colombiana em Brasília.

Dilma falou que o assunto Farc foi comentado en passant durante a conversa, quando houve uma referência ao projeto do governo brasileiro de comprar dez veículos aéreos não tripulados (vant) para monitoramento das áreas de fronteira. Ele estava mais interessado em falar da política de inclusão social do governo Lula, comentou Dilma, passando a discorrer sobre os temas que tem tratado, inclusive no horário eleitoral gratuito, como agricultura familiar e a política de compra de tratores, financiamentos e de compra de alimentos.

Ao falar com os jornalistas por cerca de 10 minutos na porta da embaixada, a candidata deixou transparecer a expectativa de vitória no primeiro turno. Fiquei encantada com a qualidade da conversa. Disse ao presidente que, caso seja eleita em 3 de outubro, terei uma relação muito especial e prioritária com nossos parceiros colombianos. Entusiasmada com a perspectiva de parceria entre os dois países, Dilma citou ainda as áreas de biocombustíveis e biotecnologia: Compartilhamos uma reserva de água e de biodiversidade. E ainda compartilhamos uma fronteira onde o policiamento é crucial, disse a candidata, defendendo parcerias na área de biotecnologia e bioenergia.

Investigação Dilma só falou sobre o encontro com Santos e a assessoria encerrou a entrevista. Muitos saíram frustrados por não ter a oportunidade de perguntar, por exemplo, sobre a quebra de sigilo fiscal de Verônica Serra, filha do candidato tucano, que teve os dados fiscais acessados no mesmo local onde foram vasculhadas as declarações de outros aliados do PSDB. Sempre quando perguntada sobre o tema, a candidata petista tem dito que qualquer acesso não autorizado deve ser apurado e seu autor, punido. Invariavelmente, como em entrevista ao SBT ontem, nega qualquer participação de sua campanha no episódio e diz que prefere falar de propostas. Hoje, estará em Foz do Iguaçu, para novo comício ao lado de Lula.

É uma questão mais do meu adversário do que da Colômbia

Dilma Rousseff, sobre Serra e as Farc

A presidenciável do PV, Marina Silva, brincou e se desculpou em seguida por conta de um comentário sobre a candidata do PT, Dilma Rousseff. Ela tem uns quilinhos a mais, respondeu, ao ser questionada sobre a diferença entre as duas. Entre mulheres, é terrível o que fiz, desculpou-se. Em sua rotina de campanha, Marina respondeu à sabatina do jornal Estado de S. Paulo e disse que há uma situação de descontrole na Receita Federal, referindo-se ao vazamento de dados sigilosos e ao episódio envolvendo a assinatura falsificada da filha do candidato do PSDB, José Serra. Independentemente de ser um vazamento político, o brasileiro precisa de respostas e de um sistema mais seguro, disse.