Título: PV sob o risco de sair ainda menor
Autor: Iunes, Ivan
Fonte: Correio Braziliense, 31/08/2010, Política, p. 3

Ao priorizar a corrida presidencial e a disputa nos estados com seus melhores quadros, partido se vê diante da possibilidade de ver a bancada no Congresso reduzida

O Partido Verde entrou nas eleições de 2010 com planos ambiciosos de estender o seu poder de atuação sobre a política brasileira.

A meta era alcançar o patamar de legenda média, ultrapassando até a marca dos 20 deputados federais.

Oroteiro traçado incluiu a aproximação comMarina Silva e a candidatura da senadora acriana à Presidência. Com ela, viria a refundação programática do partido.

A ideia era tornar o novo PV conhecido por meio da campanha presidencial e, embalado por esse discurso, conseguir aumentar a representatividade na Câmara dos Deputados. A pouco mais de um mês das eleições, no entanto, os planos ousados ainda não deram indícios de que vão se confirmar nas urnas em outubro.

Pior, o PV corre o risco de sair do pleito menor do que entrou.

Atualmente, a bancada federal do PV conta comMarina, no Senado, e mais 14 deputados. Desses, nove tentam a reeleição e cinco disputam outros cargos. Para outubro, é quase certo que a legenda não conseguirá eleger um senadoro mandato deMarina termina em dezembro.Na Câmara, haverá dificuldades para repetir o desempenho de 2006, já que os principais puxadores de votos do partido abdicaram de tentar a reeleição para dar palanques estaduais ao projeto presidencial do partido. É razoável supor até agora que eles consigam manter a bancada na Câmara em um prognóstico otimista, mas o mais provável é que percam até quatro cadeiras, por conta das composições regionais, analisa o diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), AntônioQueiroz.

O balanço da distribuição do partido pelos estados mostra que a legenda privilegiou a campanha nacional, em detrimento de reforçar o peso no parlamento.

Possíveis puxadores de votos, como Luiz Bassuma (PV-BA), Fernando Gabeira (PV-RJ) e Fábio Feldmann (PV-SP) abandonaram a tentativa de se eleger na Câmara para tentar cargos mais ousados. Os três saíram como candidatos aos governos de seus respectivos estados. Para não perder integralmente os votos dos três, o partido lançou a mulher de Bassuma, Rose, na Bahia.

No Rio de Janeiro, a aposta é de que o vereador carioca Alfredo Sirkis consiga herdar parte da votação de Gabeira, que foi de quase 300 mil votoshipótese pouco provável, já que nas eleições municipais o vereador não atingiu 50 mil apoiadores.

Cenário Outra aposta do partido, o deputado federal Sarney Filho (PVMA) tem bons prognósticos para outubro, mas por causa da coligação com legendas fortes, como PMDB e PT, esses votos dificilmente elegeriam algum colega verde. Para a direção nacional do partido, mesmo comMarina não emplacando nas pesquisas presidenciais, o partido sairá de outubro com ao menos uma vitória: o discurso remodelado. Oprincipal era o Brasil ter uma candidatura que focalizasse os cenários difíceis do século 21, para que a sociedade não fosse tratada como semirresponsável, quase infantil. Ainda assim, apostamos eleger pelomenos 13 deputados, que foi o número atingido nas últimas eleições,ambiciona o presidente da legenda, José Penna. Pelos cálculos do partido, Pará, Paraná e Rio Grande do Norte podem compensar a perda de cadeiras na Bahia,emMinas e, possivelmente,emSãoPaulo.