Título: Argentina quer reduzir cota de geladeiras para 35%
Autor: Paulo Braga
Fonte: Valor Econômico, 02/12/2004, Brasil, p. A-4

Representantes dos setores privados da Argentina e do Brasil não conseguiram chegar ontem a um acordo sobre as exportações brasileiras de lava-roupas ao país. Segundo informações da Secretaria de Indústria argentina, o encontro de ontem foi "cordial" mas não resultou em uma solução para acabar com as restrições à entrada de lavadoras provenientes do Brasil, instituídas em julho. Uma fonte da secretaria não descartou que o tema volte a ser tratado hoje, quando estão previstas novas negociações, desta vez para o setor de televisores. O presidente da Eletros, Paulo Saab, chegaria na noite de ontem a Buenos Aires e deve participar hoje das reuniões. Os empresários argentinos propuseram que a participação brasileira no mercado de lava-roupas do país vizinho se limite a 35%, com 11% reservado aos provedores de terceiros mercados e o restante sendo ocupado pelos produtores nacionais. Os números foram detalhados ao Valor pelo representante da indústria local na reunião, José Sanjuan. Os negociadores da Eletros não quiseram se pronunciar sobre o assunto e disseram que a entidade só fará comentários por meio de seu presidente. Desde julho, a importação do produto está sujeita a um regime de licenciamento não-automático que burocratiza os envios e tem feito com que artigos fiquem retidos na alfândega. Segundo o jornal argentino "El Cronista", um eventual acerto entre os fabricantes de lava-roupas não significará a eliminação das licenças não-automáticas. A restrição seria mantida para evitar que outros provedores ocupem o espaço da indústria brasileira e local. No mês passado foi assinado um acordo que garantiu ao Brasil uma participação de 50% no mercado argentino de geladeiras, cuja importação também estava condicionada à obtenção das licenças desde julho. As restrições acabou fazendo com que fabricantes do México e do Chile ocupassem mercado antes atendido pela produção brasileira. Também em julho, a Argentina abriu uma investigação a partir da alegação de fabricantes locais de que o ingresso de televisores da Zona Franca de Manaus a preços baixos estaria causando dano à indústria argentina. O governo iniciou a investigação e instituiu uma tarifa de 21,5% como forma de proteger os fabricantes locais durante a duração da investigação, que deve ser concluída até janeiro. O mercado argentino de refrigeradores será de 625,5 mil unidades no próximo ano. Desse total, 316.250 serão vendidos pelas fábricas brasileiras, a produção local ficará com 47% e 3% serão reservados para outros fornecedores.