Título: Otimismo com as vendas de cosméticos
Autor: Gleise de Castro
Fonte: Valor Econômico, 06/12/2004, Exportações, p. F4

Otimismo com as vendas de cosméticos Gleise de Castro, para o Valor De São Paulo

As exportações do setor de cosméticos vão ultrapassar neste ano, com larga diferença, as expectativas que vigoravam até o terceiro trimestre. Elas devem fechar o ano com receita de US$ 329,2 milhões, 35% maior do que a obtida no ano passado, o que resultará em superávit comercial de US$ 152,5 milhões. A taxa anteriormente prevista era de 20%. O crescimento acumulado entre 2000 e 2004 deve ficar em 96%, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). Para 2005 e 2006, a entidade trabalha com aumentos anuais de 20%. "Estamos tão otimistas quanto às perspectivas futuras que achamos que vamos superar também essas taxas", diz João Carlos Basílio da Silva, presidente da Abihpec. Hoje o setor exporta para 120 países. Até cinco anos atrás, nota Basílio da Silva, os fabricantes nacionais de cosméticos constituíam uma indústria desconhecida no mercado internacional. "O setor foi acreditando, experimentando e os resultados estão aparecendo agora, já com números expressivos", afirma. Mesmo com tais taxas de crescimento no exterior, o presidente da Abihpec reconhece que ainda há um longo caminho pela frente. "Mal estamos arranhando o verniz do mercado internacional, que movimenta US$ 200 bilhões anuais", diz. Ainda assim há um dado importante que conta pontos a favor da indústria brasileira. Sua expansão indica que ela está, na verdade, roubando espaço de fabricantes de outros países, já que o mercado mundial cresce a taxas anuais previstas de 1% a 2%. A estratégia desenhada pela Abihpec para o setor é conquistar novos mercados de forma a diminuir progressivamente a participação de países da América do Sul nas vendas totais de cosméticos brasileiros. Isso é necessário, segundo Basílio da Silva, para que o setor não fique mais sujeito às vulnerabilidades econômicas comuns em países sul-americanos. A região já chegou a absorver 77,8% das exportações brasileiras de cosméticos, em 2000. Hoje essa participação caiu para 55,6% e a meta é reduzi-la para 40% nos próximos dois a três anos. "Apesar de as exportações estarem crescendo também para a América do Sul, as vendas para outros países aumentam em proporção muito maior", diz. Para isso, a associação investe pesado na divulgação da marca Brasil em eventos internacionais, por meio da parceria com a Apex. "A estratégia vem dando resultados", diz Basílio da Silva. As ações conjuntas começaram em 2001 com oito empresas. Hoje, 140 companhias estão engajadas. A Niasi, que ingressou no mercado internacional há dois anos e exporta para 14 países. As vendas externas representam 5% do faturamento da empresa, cujos valores não são divulgados. E devem crescer 380% neste ano, em comparação com o ano passado. Para 2005, o aumento esperado é de 200%, segundo Marcos Stahl, gerente de exportações da Niasi. "Isso se o câmbio não for muito positivo, se ficar por volta de R$ 2,75 a R$ 2,85. Se tivermos um câmbio mais favorável, nossas exportações vão crescer muito mais", diz. Em janeiro de 2005 a empresa vai embarcar esmaltes para o Japão. Hoje, metade das exportações da Niasi destina-se à Europa, Estados Unidos e Caribe.