Título: Armadilhas pela internet
Autor: Araújo, Saulo
Fonte: Correio Braziliense, 12/09/2010, Cidades, p. 33

A internet tornou-se um instrumento prático para pessoas que não têm tempo para executar tarefas simples do dia a dia, como ir ao banco pagar contas, fazer compras no supermercado e marcar uma consulta no hospital. Tudo isso pode ser feitoempoucos minutos, sem sair de casa, por meio de um clique. No entanto, por trás de todas essas facilidades, existem riscos. De acordo com dados daUnidade de Repressão a Crimes Cibernéticos da Polícia Federal, de janeiro a agosto deste ano, 4,6 mil pessoas foram vítimas de fraudes eletrônicas no Distrito Federal, uma média de 19 casos por dia.No ano passado, foram registradas 5,4 mil ocorrências dessa natureza, ou uma média diária de 15 ocorrências.O crescimento do número de vítimas chega a 26%.

Os números são alarmantes e o delegado responsável pela unidade, Carlos EduardoMiguel Sobral, ressalta que as estatísticas podem ser bem maiores.

Nós ainda não temos as informaçõesdetodos os bancos.Com certeza, a quantidade de pessoas que já foram lesadas é bem maior do que temos registrado, afirmou. Neste balanço não estão computados os crimes virtuais investigados pela Polícia Civil do DF este ano.

De 2008 para 2009, houve crescimento de 22% nas ocorrências relacionadas a este tipo de delito apuradas pela corporação.

O chefe da Divisão de Repressão aos Crimes de Alta Tecnologia (Dicat), Sílvio Cerqueira, diz que diariamente recebe denúncias de usuários da rede mundial de computadores que tiveram suas senhas de bancos clonadas, foram enganados por estelionatários que anunciam produtos em sites de vendas, entre outros delitos.

O delegado elaborou uma cartilha para orientar o público a reconhecer situações de risco.

Nela, o Cerqueira enumera os golpes mais comuns aplicados na rede. O campeão é o estelionato, que possui três modalidades.

A mais comum é a compra fraudulenta. Nela, a vítima anuncia um produto em um site de leilão e o estelionatáriose passando por interessado de boa-féenvia por e-mail uma falsa comunicação de pagamento.

O vendedor remete o material ao endereço fornecido pelo criminoso e só percebe que foi enganado quando acessa sua conta-corrente e vê que o dinheiro não foi depositado.

Pagamento antecipado Existem também falsos vendedores que anunciam um produto, mas só aceitam entregá-lo mediante pagamento antecipado.

A vítima faz a transferência, mas nunca recebe o produto. Fazer transações financeiras pela internet com segurança é possível, desde que o usuário siga à risca algumas recomendações.

Para quem vai comprar alguma coisa pela internet, a primeira dica é correr do cara que só aceita pagamento por boleto ou depósito, principalmente se o nome do titular da conta do documento for diferente do nome do vendedor. Aí já existe um forte indício de fraude. Desconfie também de produtos muito abaixo do valor de mercado, alertou o Sílvio Cerqueira.

Já para aqueles acostumados a executar transações bancárias pelo computador fica um alerta: nunca execute programas ou clique em links que acompanhem mensagens de e-mail, páginas de sites de relacionamento, comunicadores virtuais e outros, se não tiver a certeza de que o remetente é alguém conhecido.

Quando a mensagem é de alguma instituição pública ou bancária, a atenção deve ser redobrada.

Normalmente chegam mensagens de e-mail, MSN, Orkut que oferecem programas anexos onde estão instalados programas espiões. É o tipo do email com o título: veja as fotos da festa, ou comunicado urgente.

Ao receber uma mensagem com esse conteúdo, a pessoa deve responder a três perguntas: É de alguém que eu conheço? Está me tratando pelo nome? O assunto é de conhecimento das duas partes?, alertou o delegado.