Título: Reação em cadeia derruba ações no mundo todo
Autor: Cristiane Perini Lucchesi e Tatiana Bautzer
Fonte: Valor Econômico, 23/05/2006, Finanças, p. C1

As bolsas de valores do mundo todo fecharam em baixa ontem, em reação às incertezas sobre a inflação, as taxas de juros e o crescimento da economia dos Estados Unidos. Houve uma corrida aos títulos da dívida americana, com os investidores se desfazendo, principalmente, de ações associados às commodities.

As baixas, intensas na Europa e na Ásia, foram menores nos Estados Unidos. Principal indicador da bolsa de Nova York, o índice Dow Jones caiu 0,17%, fechando em 11.125 pontos. O Standard & Poor's 500 recuou 0,39%, a 1.262 pontos, ao passo que o indicador de tecnologia Nasdaq baixou 0,96%, para 2.172 pontos.

"Matérias-primas e energia foram as ações mais atingidas", disse Edward Keon, estrategista-chefe do Prudential Equity Group, dos EUA. "Os mercados emergentes estão em dificuldade, assim como estamos vendo no nosso mercado, as coisas que foram direto para o alto podem ir direto para baixo", comentou.

Os investidores compraram títulos do Tesouro dos EUA, impulsionando os papéis com vencimento em 10 anos em mais de meio ponto no fim da manhã. O petróleo se recuperou após cair ao menor nível em seis semanas mais cedo na sessão, afetando os papéis do setor. Em Nova York, os contratos para junho subiram US$ 0,70, encerrando a US$ 69,23 por barril.

As ações da Sears, que vende grandes aparelhos, ferramentas e outros produtos, pesaram sobre o Nasdaq com recuo de 2,19%.

Na Europa, a baixa levou as bolsas locais para o menor nível em cinco meses. O mercado europeu foi fortemente influenciado pela queda global - iniciada, antes da abertura dos pregões no velho continente - pelas bolsas asiáticas e pela queda do petróleo.

O índice Financial Times, de Londres, fechou em queda de 2,2%, recuando a 5.532 pontos. O CAC-40, de Paris, baixou 2,65%, a 4.813 pontos. Em Frankfurt, o índice DAX baixou 2,22%, para 5.546 pontos. O Ibex-35, de Madri, caiu 2,84%. A bolsa de Milão fechou em baixa de 3,8%. Mercados emergentes acentuaram a queda verificada nos principais centros financeiros do país. Foi o que ocorreu na Rússia (-9,05%), Indonésia (-6,03%), Turquia (-8,16%), México (-4,03%) e Argentina (-3,91%). A Bolsa do Japão também caiu: 1,8%.

As ações russas caíram com tanta força que a bolsa de valores Micex teve a sessão suspensa depois de perdas no intradia de mais de 8,5%. O mercado de Varsóvia sofreu uma das maiores desvalorizações da sua história, com perda de 5,6% do índice WIG 20 , o menor nível em seis semanas.

Às 22h30 de ontem em Brasília, os pregões asiáticos já funcionavam na manhã desta terça. Com pouco mais de uma hora de funcionamento do mercado, a bolsa de Tóquio operava em baixa de 1,03%. Em Seul, o índice caía 0,68% e em Hong Kong, 0,99%.

O índice pan-europeu de blue-chips, FTSEurofirst caiu 2,76%, a 1.270 pontos, o menor nível desde meados de dezembro. Esse indicador já perdeu mais de 10% em relação ao maior pico em quase cinco anos atingido em 11 de maio, 1.407 pontos, e agora acumula desvalorização de 0,4% no ano.

As perdas ocorrem depois da baixa de 4% no FTSEurofirst na semana passada, a maior queda percentual em uma semana desde março de 2003, por conta de preocupações com a inflação e com as taxas de juros.