Título: Alckmin recorre aos orixás para proteção em sua campanha
Autor: Raquel Ulhôa
Fonte: Valor Econômico, 19/05/2006, Especial, p. A12

Da oração na Igreja do Senhor do Bonfim à visita a Cachoeira, terra da Irmandade da Boa Morte - confraria religiosa afro-católica integrada apenas por mulheres negras -, o ex-governador Geraldo Alckmin buscou proteção de todo o sincretismo religioso da Bahia para sua campanha presidencial.

No Pelourinho, retribuiu a saudação do afoxé Filhos de Gandhi levantando os braços no mesmo gesto e, no almoço com políticos e representantes da sociedade, não tirou do pescoço o colar recebido do bloco - com o símbolo do "elefante", animal sagrado da Índia. De mãos dadas com os pefelistas, cantou o Hino do Bonfim.

À noite, em evento do PFL, usava outro colar dos Filhos de Gandy. Antes, visitou as obras sociais de Irmã Dulce. No dia seguinte, foi a Feira de Santana e Cachoeira.

"Ontem, Alckmin recebeu as graças do Senhor do Bonfim, que nunca nos abandonou. Hoje, também tem as bênçãos de Nossa Senhora de Santana", disse o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que providenciou baianas a caráter para cercar Alckmin onde estivesse - com direito a banho de pétalas e fitinha do Senhor do Bonfim amarrada ao pulso ao mesmo tempo em que um pedido é feito mentalmente.

Fitinha, aliás, que preocupou Alckmin. Ao saber que, na campanha de 2002, o ex-prefeito José Serra não esperou que a fitinha arrebentasse sozinha - como manda a tradição - e tirou-a antes da eleição, o ex-governador quis saber quanto tempo ela durava e disse que tentaria mantê-la no pulso.

Apesar de toda a proteção, foi na Bahia que Alckmin soube dos ataques do PCC a bases policiais em São Paulo. (RU)