Título: Dilma não permitirá essa covardia
Autor: Magalhães,Heloisa
Fonte: Valor Econômico, 31/10/2011, Política, p. A8

Para o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), a presidente Dilma Rousseff "não permitirá que essa covardia seja feita". A covardia seria a aprovação da redistribuição dos royalties de contratos já assinados. Em rápida entrevista, por e-mail, Cabral disse também estar certo de que o governador Geraldo Alckmin, de São Paulo (PSDB) vai entrar na luta ao lado do Rio e do Espírito Santo. A seguir, a entrevista:

Valor: Há deputados dizendo que a presidente Dilma já informou que não irá vetar o substitutivo aprovado no Senado. O senhor confirma que ela tenha dito isso?

Sérgio Cabral: De forma alguma. Acima de tudo, a presidenta Dilma é uma democrata que respeita as regras estabelecidas e não permitirá que essa covardia seja feita contra o Estado do Rio de Janeiro e os demais municípios e Estados produtores.

Valor: O governo de São Paulo tem se mantido ausente da discussão. Mesmo antes do regime de partilha ter sido votado quando ainda se discutia mudar as regras para os futuros campos não licitados do pré-sal. Naquela ocasião a bancada e o governo paulista, com Serra em campanha presidencial, ficou ausente do assunto. Agora o governador Alckmin vai entrar na discussão?

Cabral: Não tenho a menor dúvida. O governador Geraldo Alckmin me ligou esta semana manifestando total solidariedade. Ele disse que vai conversar com a bancada de São Paulo, mostrar o erro e o equívoco dessa tentativa de entrar na receita dos campos de petróleo já licitados.

Valor: O senhor acredita que Rio e Espírito Santo vão conseguir vencer a movimentação de outros 23 Estados brasileiros? A presidente não ficaria desgastada caso vete o substitutivo?

Cabral: Não se trata de vencer ou não vencer os outros Estados. O que está em jogo é um princípio: você não pode violar direitos já assegurados. Há no Senado manifestações que não são de Estados produtores respeitando isso. Já há, também, veículos de comunicação que não são do Rio de Janeiro, em seus editoriais, defendendo exatamente a tese de prevalecer o princípio democrático que está em jogo. Isso porque estamos todos tratando da defesa do ato jurídico perfeito. E a presidenta Dilma sabe da sua responsabilidade federativa.

Valor: Caso o Rio perca quais são as opções para o Estado?

Cabral: Em primeiro lugar, acredito e espero que a Câmara dos Deputados tenha uma postura madura e reveja essa decisão. Acredito que caso o Congresso cometa uma injustiça, a presidenta Dilma irá vetar, pois esse é o seu compromisso: não permitir qualquer avanço sobre as receitas do já licitado no pós e no pré sal. Caso ela não o faça iremos ao Supremo Tribunal Federal.

Valor: Como vai ficar a sua relação com a presidente Dilma caso ela não vete?

Cabral: Eu não acredito nessa hipótese. Tenho certeza de que a presidenta será coerente com a sua trajetória, com o respeito à democracia e aos contratos em vigor.