Título: Itamar deixa Roma e defende governo
Autor: Daniel Rittner, Ivana Moreira e Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 16/12/2004, Poítica, p. A-14

O ex-presidente Itamar Franco (PMDB) fez ontem um alerta a seu sucessor, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB): "Cuidado com a ribalta." A declaração foi um comentário em relação às criticas que FHC vem fazendo ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Atual embaixador em Roma, Itamar observou que o governo tucano teve também seus problemas. "Se formos analisar o período FHC, vamos ver que foi um período em que não houve crescimento do país, não houve tanto avanço social". Itamar Franco está em Belo Horizonte, como convidado de Lula, para participar da reunião que marca os 10 anos da criação do bloco. O protocolo de Ouro Preto, em 1994, foi assinado quando ele era o presidente da República. O ex-presidente aproveitou a oportunidade para oficializar sua saída da embaixada, frisando que já comunicou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a quem entregou um relatório sobre a gestão na Itália. Seu compromisso com o governo federal é ficar em Roma até fevereiro. Só em 2005, quando voltar definitivamente da Itália, é que ele pretende definir seu futuro político. Uma das possibilidades, dizem amigos dele, é a candidatura ao Senado. Em defesa de Lula, observou que a política econômica vem sendo conduzida como imaginado pelo petista e que dois anos de governo é pouco tempo para que se possa reclamar dos resultados. Itamar, no entanto, fez ressalvas para a política de juros altos e para o Banco Central. "O Banco Central continua sendo uma caixa preta", afirmou. Comenta-se reservadamente, no Itamaraty, que quem poderia assumir a embaixada em Roma é Luiz Felipe de Seixas Corrêa, atual candidato do país à direção-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). Essa possibilidade, evidentemente, só ocorreria em caso de derrota de Seixas na corrida pelo cargo.