Título: Uruguai quer que bloco libere acordo com EUA
Autor: Bautzer, Tatiana
Fonte: Valor Econômico, 03/05/2006, Brasil, p. A3

O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, deixou claro ontem em Washington que espera que o Mercosul aprove negociações de um tratado comercial de seu país com os Estados Unidos. Disse que o Uruguai não quer romper com o bloco, mas que o "Mercosul como está não serve ao Uruguai". Disse que se o Uruguai assinou um tratado com o México e teve aprovação unânime, pode "fazer o mesmo com qualquer outro país".

Vázquez falou com a imprensa na saída do Fundo Monetário Internacional (FMI), negando a afirmação de uma TV uruguaia que o entrevistou em Washington segundo a qual ele teria dito que quer sair do bloco regional. "Quero um Mercosul melhor, quanto ao funcionamento interno. As assimetrias fazem com que países menores como Paraguai e Uruguai não sejam beneficiados", disse. "O Mercosul como está não serve ao Uruguai, mas isso não quer dizer que se deva romper com o Mercosul", disse o presidente, dizendo que o bloco regional não deve ser nem uma "jaula de ouro" nem um "clube com sócios de primeira e segunda categoria".

O presidente disse que o Uruguai "busca uma nova inserção no mundo, não tão dependente da região; queremos liberar o Uruguai dessa situação". Ele afirmou que a melhor forma é fazer tratados de livre comércio, como o país já assinou com o México, dentro do marco do Mercosul. "Nos primeiros três meses do ano aumentamos o comércio com o México em 18% e isso deve crescer com a permissão de exportação de carne".

Segundo Vázquez, sua viagem aos EUA é para "buscar o mesmo, melhorar o intercâmbio comercial com o país que é hoje o principal sócio comercial do Uruguai. Hoje vendemos mais aos EUA do que ao Brasil e Argentina juntos".

Perguntado se quer um tratado bilateral com os EUA, Vázquez disse que conseguiu aprovar um tratado de livre comércio com o México. "Foi aprovado com unanimidade e ninguém disse nada e se posso fazer com o México, posso fazer com qualquer outro país." O presidente uruguaio disse, ainda, que não recebeu sinais contrários dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Néstor Kirchner, à negociação de um acordo com os EUA.

Recentemente, o Uruguai e os EUA assinaram um tratado bilateral de investimentos. O presidente uruguaio está nos EUA nesta semana com uma pesada agenda de encontros bilaterais. Ontem, depois de uma reunião no FMI, encontrou-se com o secretário de Comércio dos EUA, Carlos Gutiérrez. Participa hoje de uma Conferência do Conselho das Américas na qual estarão presentes a secretária de Estado, Condoleezza Rice, e o subsecretário para o Hemisfério Ocidental, Thomas Shannon. Amanhã, terá uma reunião de uma hora com o presidente George Bush- espera-se que comecem as discussões em torno de um tratado comercial bilateral.