Título: 7 mil agentes da PF nas ruas
Autor: Edson Luiz
Fonte: Correio Braziliense, 01/10/2010, Política, p. 8

A partir de hoje, 60% da Polícia Federal trabalha para manter a tranquilidade na eleição. Ações serão reforçadas em cidades do Norte do Nordeste

O crescimento de denúncias sobre crimes eleitorais por todo o Brasil fez com que a Polícia Federal (PF) destacasse pelo menos 60% do seu efetivo cerca de 7 mil agentes para trabalhar no pleito a partir de hoje. Quatro estados e o Distrito Federal vão ganhar reforço de policiais de outras unidades por conta do histórico de ocorrência desse tipo de crime e devido às queixas recebidas durante a campanha deste ano. No Rio Grande do Norte um dos estados que receberá reforço em seu contingente , o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) apura a denúncia de que candidatos estariam comprando votos com crack.

Segundo a PF, a compra de votos é o crime eleitoral mais investigado, seguido pela propaganda irregular. O diretor-geral da corporação, Luiz Fernando Corrêa, afirmou que os policiais vão trabalhar diretamente com os juízes e com o Ministério Público Federal para acelerar os processos. A intenção é terminar os inquéritos antes da diplomação dos candidatos. Mas a tarefa não será fácil. De julho deste ano até a última quarta-feira, a PF instaurou 660 procedimentos em todo o país para apurar esse tipo de delito.

Além do DF e do Rio Grande do Norte, que tem o maior número de inquéritos 75 até ontem , Amazonas, Pará e Alagoas receberão reforço. Serão 7 mil policiais, atuando em postos móveis e fixos, além de barreiras que serão montadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). A PF vai montar delegacias em municípios centrais dos estados para poder deslocar o efetivo com rapidez, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país. Além da corporação, tropas federais estarão em 196 cidades brasileiras, sendo 106 delas no Pará.

Ontem, os ministérios públicos de Sergipe e de Mato Grosso limitaram saques acima de R$ 5 mil no período eleitoral para evitar a compra de votos. A medida também foi tomada por procuradores de Tocantins, Amazonas, Piauí, Alagoas, Roraima e Amapá.

Crack No Rio Grande do Norte, o problema é mais grave. O TRE recebeu a denúncia de que, em Caicó, três candidatos a deputado estão envolvidos na cooptação de eleitores usando crack como moeda. Os fatos ainda não foram confirmados, mas estão sendo investigados pelas autoridades locais. Os nomes dos candidatos não foram divulgados.

O administrador do cartório eleitoral de Caicó, Paulo André, informou que ainda não foi registrada nenhuma denúncia. Se acontecer, haverá uma investigação imediata. Toda a imprensa da cidade está noticiando. Estamos aguardando que haja denúncia para tomar as devidas providências, afirmou Paulo André.

A prática foi denunciada à imprensa por um morador da cidade que participou de uma reunião com as lideranças locais. Durante o encontro, foi comentada a estratégia de investir nos usuários de drogas da cidade para conquistar votos.

172 - Número de candidatos a governador registrados no Tribunal Superior Eleitoral

O número 660 Quantidade de processos sobre crimes eleitorais instaurados pela PF a partir de julho deste ano

Apreensão em Minas

Ezequiel Fagundes

Belo Horizonte O ex-governador Newton Cardoso (PMDB-MG), candidato a deputado federal, será intimado a depor em inquérito que investiga indício de compra de voto e de caixa dois. Na última quarta-feira, a Polícia Civil de Ipatinga apreendeu cerca de R$ 29 mil em dinheiro vivo com duas pessoas supostamente ligadas à campanha do peemedebista. No carro de Perouse da Silva Cardoso, irmão de Newton, foram encontrados R$ 25 mil, divididos em seis envelopes identificados com nomes de cidades mineiras. O vereador Juliano Kefren Pereira Soares (PSB), de Virginópolis, tinha R$ 4 mil.

Os dois foram abordados, à tarde, na BR-381. Antes, enquanto almoçavam em uma churrascaria, os policiais perceberam uma movimentação suspeita da dupla. Em certo momento da conversa, os policiais flagraram Perouse entregando um envelope pardo para o vereador. Os dois foram detidos e liberados depois de prestar depoimento. É normal viajar com quase R$ 30 mil em espécie? É normal dividir o dinheiro em envelopes e colocar nomes de cidades? Na minha opinião, isso é muito estranho. Então, diante disso, temos que ouvir a versão do ex-governador, explicou o delegado Renato Gavião, responsável pelas investigações.