Título: Marinho e Samek serão coordenadores estaduais de Lula
Autor: Agostine, Cristiane e Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 12/07/2006, Política, p. A10

A campanha eleitoral do PT para a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva será regionalizada. Ao contrário de 2002, a candidatura presidencial terá coordenadores estaduais e os escolhidos até agora são petistas. Em São Paulo, a tarefa será assumida pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que irá se licenciar do cargo. No Paraná, o diretor-geral de Itaipu, Jorge Samek, deixará o posto para assumir a coordenação regional.

No Rio Grande do Sul, o indicado deve ser o prefeito de Santa Maria, Valdeci Oliveira. No Rio de Janeiro existem três possibilidades: os prefeitos de Nova Iguaçu, Lindbergh Farias e de Niterói, Godofredo Pinto e o presidente do diretório estadual, Alberto Cantalice.

A nomeação de coordenadores poderá influenciar no programa eleitoral. O tempo de propaganda dos candidatos ao governo do Estado poderá ser consumido para a divulgação das propostas de Lula para os Estados, a exemplo do que aconteceu com a publicidade governamental quando o publicitário João Santana assumiu o posto de Duda Mendonça.

A prioridade dada à campanha pela reeleição de Lula deverá deixar a disputa local em segundo plano. "Nessa eleição, o grande eleitor é o presidente Lula. Em cada estado, o candidato que quiser se identificar com o presidente Lula deve fazer o máximo esforço e mostrar as realizações do governo federal no Estado", defendeu o secretário-geral adjunto do partido, Joaquim Soriano.

O presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), afirmou que a intenção de estabelecer coordenadores regionais de campanha é "ter um responsável pela campanha na ponta do sistema". Berzoini afirmou que todos os coordenadores deverão ser definidos até a próxima semana. De acordo com o presidente do PT, os critérios para a escolha são a representatividade local e a liderança política.

"A priori, os coordenadores regionais serão todos petistas. Mas isso pode ser conversado. Temos que decidir, também, como faremos nos Estados em que os palanques presidenciais forem divididos com os aliados, por exemplo", citou Berzoini. Ele rebate a tese de que a idéia de regionalização seja uma novidade. "Na campanha passada, já adotamos essa prática", recorda. O modelo de 2002, contudo, era um pouco diferente. Na ocasião, o PT contava com os coordenadores dos Grupos de Trabalho Eleitoral (GTEs), que tratavam apenas do desempenho petista em cada Estado. Desta vez, deverá ser um coordenador geral.

No Paraná, a saída de Samek pode aproximar Lula do governador Roberto Requião (PMDB). O mais cotado para ficar em seu lugar é o atual diretor jurídico, João Bonifácio Cabral Júnior. A nomeação dele ainda não foi confirmada, mas é vista como saída hábil. Cabral Júnior já foi filiado ao PMDB e, além de trabalhar em Itaipu, é o presidente do conselho de administração da Companhia Paranaense de Energia (Copel), empresa controlada pelo governo do Estado.

O PT tem candidato próprio ao governo do Paraná, o atual senador Flávio Arns. O PMDB de Requião ainda aguarda decisão do TRE sobre sua aliança com o PSDB, que pode aproximar Requião do candidato tucano à presidência, Geraldo Alckmin. Caberá à justiça decidir se será mantida a decisão da executiva nacional do PSDB de anular a coligação com o PMDB no Estado.

Em São Paulo, o convite de Marinho para cuidar da estrutura da campanha no maior colégio eleitoral do país foi feito pelo presidente do diretório paulista, Paulo Frateschi, para cumprir o protocolo: Marinho tem interlocução direta com Lula. A idéia inicial do dirigente estadual era de que o ministro continuasse no cargo, mas Marinho tem demonstrado que seria inviável ficar responsável pelas duas funções. O afastamento ainda não foi acertado porque Marinho está longe de Brasília desde domingo, quando sua mãe morreu, e só deverá voltar hoje ou amanhã ao Planalto.