Título: Fórum vai definir prazo da TV digital, diz empresário
Autor: Magalhães, Heloisa
Fonte: Valor Econômico, 19/07/2006, Brasil, p. A2

A televisão digital estará disponível no país um ano após o término dos trabalhos do fórum que reúne representantes das emissoras, indústrias e universidades que trabalham para compatibilizar o padrão japonês, escolhido para ser adotado no país, com os softwares criados pelas universidades brasileiras, disse ontem o vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho.

"A velocidade desse fórum determina o nosso prazo de implantação e, se isso for rápido, em doze meses teremos condições de estar no ar no Rio e em São Paulo", informou em palestra na Associação Comercial do Rio durante encontro para discutir a forma de atrair investimentos para o Estado a partir da tecnologia de TV digital.

Ele disse que a demora na definição do padrão acabou favorecendo o desenvolvimento de softwares e soluções que vão aprimorar o sistema japonês no país: "Os japoneses reconheceram os avanços criados no Brasil e vão utilizá-los em seu país", informou. Ele aposta que o Rio de Janeiro tem perfil para se tornar não só um criador de conteúdo, como também atrair uma indústria de caixas de recepção do sinal digital (que será acoplado aos televisores convencionais).

"Houve a discussão em alguns momentos, com as pessoas achando que estávamos querendo invadir a área das operadoras de telefonia, mas não é nada disso. Nós achamos que o sinal das TVs abertas deve estar disponível para todos, sem nenhum custo aos espectadores. Esse sinal tem que estar gratuito no celular também. Hoje, 92% dos brasileiros assistem televisão aberta, sem assinatura. Por isso, achamos que temos o compromisso de oferecer o sinal da TV aberta gratuitamente", disse.

Ele explicou que entre as vantagens do padrão japonês está a transmissão direta para o aparelho celular, sem custo para o usuário porque o telefone terá um chip que recebe a imagem das TVs abertas sem necessidade de "baixar" o conteúdo como acontece hoje.

Há, ainda, um amplo espectro de negócios para todas as partes: "Obviamente vai continuar a ser vendido conteúdo específico, permitindo rever algo que o usuário perdeu na TV aberta ou os gols da rodada ou o capítulo da novela. O próprio fato de transmitirmos e as pessoas se habituarem e ver televisão no celular vai gerar demanda por conteúdos específicos. O fato de estarmos transmitindo televisão para aparelhos celulares não é uma competição com as operadoras. Ao contrário, vamos criar parcerias e desenvolver produtos para elas", avaliou o empresário.