Título: Líder do MLST diz ser 'soldado' da reeleição
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 19/07/2006, Política, p. A5

Na primeira entrevista depois que deixou a prisão, o líder do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), Bruno Maranhão, negou que o movimento tenha invadido e depredado a Câmara em junho. Maranhão acusou a "direita" de deturpar a ocupação na Câmara e responsabilizou o que chamou de "quarteto golpista" -Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), Arthur Virgílio (PSDB-AM), Álvaro Dias (PSDB-PR) e Jorge Bornhausen (PFL-SC) - por politizar o ato.

"Não acho que o Congresso foi quebrado, se isso fosse verdade o prejuízo teria sido de R$ 10 milhões e não de R$ 84 mil como noticiou a imprensa. Me colocaram no programa (de TV) do PFL. É uma baixaria para tentar desmontar a vantagem do Lula", disse.

Ele informou que enviou ontem um fax para o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), informando que deixou a cadeia e está à disposição do partido. Até a invasão da Câmara, Maranhão era membro da Executiva Nacional do partido e respondia pela secretaria nacional de movimentos populares.

O PT abriu um processo no Conselho de Ética contra Maranhão, mas ele disse não acreditar que será expulso da legenda. "Conheço o Lula há 25 anos, não é uma relação de um dia", afirmou. Disse que vai atuar na campanha à reeleição do presidente "mais do que nunca". "Não só vou apoiar, como serei um dos soldados da reeleição", avisou.

Ele confirmou que a idéia do MLST era "ocupar" o Incra ou o Congresso, mas disse que pacificamente. A opção pela Câmara foi uma reação ao posicionamento do PFL, PSDB e da bancada ruralista, segundo Maranhão, contra projetos defendidos pelo movimento.

Segundo o dirigente, o MLST "não perdeu o controle" dos seus liderados. Maranhão sustentou que não foram apenas membros do movimento que invadiram a Câmara, mas também estudantes e agentes de saúde. Os sem-terra que participaram do quebra-quebra, disse, eram apenas "uns 15" e que não receberam essa orientação. "Foi um incidente. A moça que quebrou os computadores, quebrou por decisão própria", disse.

Maranhão criticou o presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que mandou prender os invasores. Segundo disse, Aldo deveria ter agradecido por ele ter tirado os sem-terra do salão verde.