Título: Exportação de álcool supera previsão inicial
Autor: Bouças, Cibelle
Fonte: Valor Econômico, 04/08/2006, Agronegócios, p. B12

As exportações brasileiras de álcool deverão alcançar 3,5 bilhões de litros em 2006, ante 2,6 bilhões registrados no ano passado, conforme estimativa da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica). O número supera estimativas feitas pelo setor privado, que nas discussões sobre a forte alta de preços no mercado interno no primeiro trimestre dizia que esperava manter o volume embarcado em 2005.

Antônio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica, afirmou que a expansão ocorrerá devido sobretudo ao aquecimento da demanda dos EUA, por conta da nova legislação que torna obrigatória a substituição do aditivo MTBE, considerado poluente, por álcool na gasolina.

Em julho, os embarques atingiram o recorde de 500 milhões de litros, sendo que 84% desse volume foi para os EUA e o restante, para países do Caribe - que reexportam com isenção tarifária para o mercado americano. De acordo com dados da Secex, em receita as exportações cresceram 285% em julho ante igual mês de 2005, alcançando US$ 289 milhões.

Conforme Pádua, essa "bolha" criada na demanda mundial pelos EUA deve se extinguir já em 2007, tendo em vista que o país acelera seu programa de instalação de usinas de álcool de milho, com mais de 90 projetos em andamento. "O setor privado busca agora fechar acordos de longo prazo com empresas americanas para garantir exportações no longo prazo".

Na próxima semana, representantes do governo do Estado americano da Flórida vêm ao Brasil para negociar a compra de álcool. Há interesse do governo americano em retomar no Congresso o projeto de lei que retira a tarifa de US$ 140 por metro cúbico para o álcool brasileiro, imposta atualmente.

No mercado interno, a expectativa é que os estoques sejam suficientes para atender à demanda. Pádua observou que o consumo no mercado interno está menor este ano, por conta do aumento nos preços do combustível nos postos. Há previsão de que o consumo ficará entre 13 bilhões e 14 bilhões de litros e a produção deve atingir 17 bilhões de litros.

Segundo Pádua, as indústrias têm capacidade para produzir 18 bilhões de litros/ano. Há 89 projetos de usinas, 31 em montagem (16 em São Paulo, quatro em Goiás, três em Minas, três em Mato Grosso, três no Mato Grosso do Sul, uma no Paraná e uma no Rio Grande do Sul). Os aportes superam US$ 13 bilhões.(CB)