Título: Randon anuncia novo plano de expansão
Autor: Bueno, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 09/08/2006, Empresas, p. B9

O grupo Randon anunciou ontem um programa de investimentos de R$ 800 milhões para o período 2005-2009, incluindo R$ 100 milhões que serão aplicados na construção de uma fundição com capacidade instalada de 30 mil toneladas por ano a partir do fim de 2008.

O plano foi elaborado em cima de uma expectativa de forte crescimento da demanda doméstica e das exportações nos próximos anos, que deve elevar o faturamento bruto total do grupo (incluindo as vendas entre controladas e coligadas) de R$ 2,3 bilhões em 2004 para R$ 4,5 bilhões em 2009. O número de funcionários passará dos atuais 7 mil para quase 9,2 mil.

No mesmo intervalo, as exportações anuais para mais de 100 países deverão crescer de US$ 119 milhões para US$ 294 milhões, disse ontem o diretor corporativo e de relações com investidores, Astor Schmitt. No ano passado os embarques foram de US$ 171 milhões (ante uma receita bruta total de R$ 2,8 bilhões) e devem chegar a US$ 200 milhões em 2006, sendo que metade deste valor foi alcançada no primeiro semestre.

A apresentação dos investimentos do grupo, que reúne seis empresas nos segmentos de implementos rodoviários e ferroviários, veículos especiais, autopeças e sistemas automotivos, foi feita no Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, que concedeu incentivos fiscais aos projetos. O anúncio reuniu a diretoria do conglomerado, inclusive o presidente Raul Randon, o governador Germano Rigotto e diversos secretários estaduais.

Segundo Schmitt, a Randon é uma das dez maiores fabricantes mundiais de reboques e semi-reboques rodoviários, mas com uma participação de apenas 2,5% na produção global. Foram 15 mil veículos em 2005 e com o aumento da capacidade da Randon Implementos de 20 mil para 36 mil unidades por ano, a intenção é abocanhar parte dos 97,5% restantes nos próximos anos, explicou o executivo. A maior parte da produção mundial está concentrada nos Estados Unidos (250 mil), União Européia (100 mil a 120 mil) e China (70 a 80 mil).

No país, a projeção é acompanhar o crescimento vegetativo da demanda. Em 2006, com os problemas enfrentados pelo setor agrícola, Schmitt calcula que a produção brasileira caia das 35 mil unidades do ano passado para 32 mil, sendo que 27 mil a 28 mil serão absorvidas pelo mercado interno. Conforme o diretor, a curva deve reverter nos próximos anos e a Randon está "aberta" a novas parcerias no processo de crescimento. Hoje o grupo tem joint ventures com a alemã Jost e a americana ArvinMeritor e terceiriza a montagem de reboques para parceiros em países como Marrocos, Argélia e Quênia.

Com a fundição, a Randon pretende suprir internamente cerca de um terço do consumo de peças fundidas, estimado em 90 mil a 100 mil toneladas em 2008, com ganhos de qualidade e custos, além de maior segurança no fornecimento, disse o diretor corporativo Erino Tonon. Neste ano, o grupo vai utilizar 60 mil toneladas e a nova unidade irá substituir os produtos comprados de fornecedores de fora do Rio Grande do Sul, como Tupy, Schulz e Thyssen, explicou o executivo. Um pequeno volume, de 1 mil toneladas neste ano, é importado de países como Coréia, México e Estados Unidos.

Dos R$ 800 milhões programados até 2009, R$ 100 milhões foram aplicados em 2005 e mais R$ 150 milhões serão investidos neste ano (no primeiro semestre foram R$ 62 milhões). Do volume total, R$ 600 milhões correspondem a ativos fixos e o restante a reforço de capital de giro, explicou Schmitt. O "funding" inclui R$ 300 milhões em geração de caixa, R$ 99 milhões obtidos com a oferta pública de ações concluída e maio, R$ 65 milhões em incentivos fiscais estaduais e o restante em financiamentos do BNDES, Finep e International Finance Corporation (IFC).

O programa prevê ainda a instalação de uma linha que permitirá a substituição da compra de aços planos estampados por bobinas a partir de 2007. Neste caso, o valor é de R$ 20 milhões. Outros pontos do plano incluem o desenvolvimento de uma nova linha de freios hidráulicos a disco pela controlada Master, a modernização dos sistemas de pintura e a construção de um campo de provas para teste dos veículos produzidos pelo grupo na região serrana do Estado.

De acordo com o secretário do Desenvolvimento do governo gaúcho, Luís Roberto Ponte, os incentivos concedidos pelo Estado prevêem o adiamento por oito anos de 60% em média do ICMS adicional gerado pelos novos investimentos. O saldo é pago em oito ano, após cinco de carência, com correção e juros de 2% a 3% ao ano.