Título: Com nova fábrica, Cacau Show vai à mídia
Autor: Sobral, Eliane
Fonte: Valor Econômico, 14/08/2006, Empresas & Tecnologia, p. B3

Quando pediu US$ 500 emprestados a um tio para investir na fabricação de ovos de Páscoa, Alexandre Tadeu da Costa talvez não imaginasse que 18 anos depois estaria à frente de uma empresa com 285 lojas espalhadas por todo o país e que em outubro inaugura sua segunda unidade fabril com 17 mil metros quadrados de área construída e investimentos de R$ 13 milhões.

O negócio começou familiar, os pais do empresário eram revendedores de produtos da Avon e da Natura. Logo montaram uma pequena distribuidora e passaram a criar marcas próprias para vender de malhas de Monte Sião à ovos de Páscoa, produtos de beleza, lingerie. Foi aí que nasceu a marca Cacau Show.

Aos 14 anos, Alexandre juntou-se aos avós, tios e primos - todos empregados na distribuidora. "Mas aos 17 eu achava que estava ganhando pouco e pedi demissão". Para seguir carreira solo, Alexandre Costa pediu a marca Caca Show emprestada da família - os negócios com ovos de chocolate não tinham prosperado como o previsto - "os fornecedores deixaram meus pais na mão em plena Páscoa e eles resolveram se concentrar em áreas menos problemática".

A separação dos negócios da família foi amigável. Tanto que numa outra véspera de Páscoa ele recorreu a um dos tios para se capitalizar e vender seus chocolates. "Cometi um erro que talvez tenha sido meu maior acerto", lembra ele.

Alexandre negociou ovos de chocolate de 50 gramas mas esqueceu de avisar seus fornecedores - que só produziu ovos de 500 gramas e um quilo. "A dois dias de entregar as encomendas eu não tinha o produto". Numa distribuidora encontrou uma senhora, dona Cleusa, que comprava matéria-prima para fazer ovos de chocolate para a família. "Acho que ela ficou com pena daquele garoto de 17 anos desesperado e resolveu ajudar. Passamos três dias quase sem dormir mas fizemos os dois mil ovos de 50 gramas que me foram encomendados."

Alexandre Costa não diz qual é a produção atual - mas faz questão de informar que uma das máquinas que importou da Itália para a nova fábrica produz uma tonelada de chocolate por hora. O faturamento neste ano, calcula ele, chega aos R$ 48 milhões - somando as vendas da fábrica e a receita vinda da divisão de franquias, umas das apostas de Costa para crescer. Das 285 lojas da Cacau Show, apenas dez são próprias. "Nossa meta é chegar a 2010 com 1 mil lojas e superar a maior rede de vendas de chocolates do mundo, que é a norte-americana Rock Montain, com 385 lojas atualmente", diz.

Além da nova fábrica, a Cacau Show terá a sua primeira campanha publicitária. Com investimentos de R$ 7 milhões, a marca estréia na mídia - televisão, revistas femininas e outdoors - na próxima semana e fica no ar até a Páscoa do ano que vem em campanha assinada pela QG Propaganda. "Nossa comunicação sempre foi feita dentro de casa e agora queremos cuidar da marca. Fazer de um jeito bem profissional".

O desejo de imprimir profissionalismo ao marketing teve um empurrãozinho da concorrência. Em julho passado, a Kopenhagen, famosa pelos chocolates tradicionais e caros, resolveu avançar sobre as classes B e C - exatamente o público consumidor dos chocolates da Cacau Show - com uma linha de produtos mais acessíveis. "São relativamente mais baratos porque mesmo os chocolates mais em conta deles custam o dobro que nossos similares", alfineta o empresário.

Ele diz que não se preocupa com essa nova estratégia da concorrente. "Não adianta botar a Ivete Sangalo para fazer propaganda e cobrar R$ 160 por um quilo de chocolate", diz ele referindo-se à cantora popular que estrela a campanha da Kopenhagen. "Temos uma gestão muito rigorosa, poucos níveis hierárquicos, a diretoria, que sou eu, a gerência e o chão de fábrica e ainda temos na automatização da indústria um importante fator de redução de custos. Por isso nosso produto é honesto, de boa qualidade e bom preço", diz.

A expectativa de Alexandre Costa é elevar as vendas em 40% - parte desse crescimento ele atribui aos efeitos da campanha publicitária e a outra parte ao crescimento orgânico da empresa.

Paulo Zoega, vice-presidente de planejamento e atendimento da QG Propaganda diz que pesquisa qualitativa com 30 consumidores dentro das lojas da Cacau Show indicou o caminho a seguir na nova campanha. "A relação do consumidor com chocolate não é racional e por isso vamos vender um momento de prazer", diz ele, que criou o slogan "é fácil comprar um momento de felicidade", para vender a marca Cacau Show.