Título: Unidade médica é a mais lucrativa
Autor: Facchini, Claudia
Fonte: Valor Econômico, 31/08/2006, Empresas, p. B1

A América Latina, embora represente só 3% das vendas da divisão médica da Philips no mundo, apresenta crescimento acelerado. Em 2005, esse foi um setor que cresceu nada menos do que 88% no Brasil, 86% na Argentina, 26% no Chile e 22% no México. Para 2006, Daurio Speranzini, diretor da divisão de sistemas médico do grupo na América Latina, espera atingir vendas de US$ 400 milhões na região, o que representará expansão de 30% sobre 2005.

Apesar de ser ainda menor em termos de vendas do que a irmã mais famosa - a divisão de aparelhos eletrônicos de consumo -, a unidade médica é a mais rentável da Philips no Brasil e a que mais contribui para o lucro da filial.

Entre os grandes clientes, estão o Hospital Sírio Libanês, Albert Einstein, o laboratório Fleury, Hospital do Câncer e Hospital do Coração, que compram equipamentos de ponta, como o de tomografia computadorizada. Mas não são só as instituições privadas que impulsionam os negócios. "O setor público também voltou a investir mais nos últimos dois anos", diz Speranzani. As instituições estatais são os maiores clientes dos fabricantes de equipamentos médicos e respondem por 65% das vendas.

A multinacional ganhou um contrato de R$ 17 milhões para fornecer aparelhos de diagnóstico de imagens para o novo Instituto da Mulher, do Hospital das Clínicas, ligado ao governo do Estado de São Paulo. A empresa também assinou, por exemplo, contratos com dois grandes hospitais estaduais no Pará. Com exceção de uma elite de hospitais, as demais instituições brasileiras, mesmo as privadas, são pouco equipadas. "Apenas 15 ou 20 hospitais no país possuem tomografia computadorizada e, entre os hospitais públicos, só o Hospital da Clínicas tem o equipamento", diz Speranzini.

Um dos fatores que ajudaram na forte expansão das vendas na América Latina foi a retomada na oferta de crédito internacional, em dólar, mais barato do que o local. Como os equipamentos são caros - um aparelho de ultrassonografia chega a R$ 700 mil - os hospitais privados usam linhas de crédito de cinco a sete anos. "No Brasil, os bancos nacionais já oferecem financiamento a taxas mais competitivas, a 1% ao mês", diz Speranzini. A própria Philips também estuda começar a financiar ela mesma os clientes. Os juros nos empréstimos internacionais estão por volta de 6% ao ano, mas há sempre o fantasma da variação cambial. (CF)