Título: Aliados prevêem placar apertado a favor de Renan
Autor: Costa, Raymundo
Fonte: Valor Econômico, 31/01/2007, Política, p. A8

Sem êxito na tentativa de buscar consenso em torno de sua reeleição, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), enfrenta amanhã uma disputa com o líder do PFL, José Agripino (RN), que pode ser decidida por um possível alto índice de traições ou por um grupo considerado indeciso até ontem. Renan é considerado favorito, mas até aliados seus prevêem que o placar pode ser apertado.

O ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que integra um bloco dissidente de seis senadores do PMDB, comunicou ontem formalmente a Renan que votará em Agripino. E vai conversar hoje com os demais integrantes do grupo de oposição. "Venho para o Senado integrar um bloco de oposição ao governo. Esse bloco tem uma candidatura que, no meu entender, ultrapassa os limites da oposição. Não seria justo deixar que Renan tivesse qualquer dúvida em relação ao meu voto", afirmou Jarbas.

Além de Jarbas, outro pemedebista que já comunicou a Renan a decisão de votar em Agripino é Garibaldi Alves (RN). Conterrâneo do líder do PFL, Garibaldi foi candidato a governador com seu apoio. São dois a menos na bancada de 20 senadores do PMDB - a maior da Casa.

Agripino enfrenta situação semelhante no PSDB, partido que ontem ratificou adesão à sua candidatura. Dos 13 senadores tucanos, João Tenório (AL), que assumiu na vaga do governador de Alagoas, Teotônio Vilela (PSDB), foi o único que avisou à bancada que seu voto será de Renan. Teotônio é politicamente ligado ao presidente do Senado e teve seu apoio para a eleição a governador.

Essas são as dissidências anunciadas, mas os dois candidatos contam com a possibilidade de traições, comuns em eleições secretas. Apontado pela maioria dos senadores como favorito na disputa, Renan tem dito acreditar que terá mais votos na oposição (PFL e PSDB) do que Agripino terá no PMDB ou nos outros partidos da base do governo.

"O PSDB tem o compromisso de entregar 12 votos para Agripino", afirmou o líder, Arthur Virgílio (AM). O PSDB realizou ontem uma manifestação de apoio à candidatura do pefelista, que contou com os presidentes dos dois partidos, senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), e Jorge Bornhausen (PFL-SC), além de Virgílio e dos senadores Sérgio Guerra (PSDB-PE), Marco Maciel (PFL-PE) e o novato Mário Couto (PSDB-BA).

Agripino rotula Renan como candidato do governo e se apresenta como "contraponto" ao Palácio do Planalto, que, se eleito, garantiria "equilíbrio" entre os poderes. Na campanha presidencial, Agripino foi derrotado na disputa com José Jorge (PFL-PE) pela vaga de candidato a vice-presidente na chapa do tucano Geraldo Alckmin. Aliados seus temem que ele sofra nova decepção, saindo enfraquecido no partido.

É com esse argumento que Agripino pretende ter amanhã os votos não só da oposição, como de senadores da base governista insatisfeitos com o tratamento recebido pelo Palácio do Planalto. "Tenho a convicção de chances reais de vitória", disse.

Segundo a contabilidade dos aliados de Renan, o pemedebista teria pelo menos 50 votos seguros. Para ganhar, um dos dois precisa ter pelo menos 41 votos dos 81 votos da Casa. Agripino, de acordo com apoiadores, teria ao menos 38. Há um grupo de sete senadores considerados indecisos, que podem decidir a eleição.

Hoje, Renan e Agripino reúnem-se para discutir regras da eleição e da composição dos demais cargos da Mesa Diretora. Para esses postos, não haverá disputa. Os dois concordaram em respeitar a proporcionalidade (as maiores bancadas têm direito às primeiras escolhas).