Título: Com oito quedas, bolsa repete setembro de 2001
Autor: Takar, Téo
Fonte: Valor Econômico, 18/05/2012, Finanças, p. C2

Desde a semana dos atentados de 11 de setembro de 2001 a Bovespa não caía oito pregões seguidos. Ainda falta o pregão de hoje para fechar a semana, mas a perda de 9,1% acumulada desde segunda-feira só não é maior do que o recuo de 10% na semana em que os Estados Unidos perderam a nota máxima "AAA" de qualidade de risco de crédito (rating), no começo de agosto do ano passado. E o tombo de 12,6% da bolsa brasileira acumulado neste mês está atrás apenas de outubro de 2008, auge da crise financeira internacional, quando o Ibovespa afundou 24,8%. Vale lembrar que ainda estamos na metade de maio.

A Bovespa teve mais um pregão nervoso ontem, com as vendas ganhando força principalmente a partir do meio da tarde, conforme a bolsa perdia suportes gráficos importantes. Segundo operadores, houve uma onda de ordens de "stop loss" (venda a qualquer preço para limitar perdas). "O nervosismo do mercado está se autoalimentando", avalia o estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi. Uma fonte acrescentou que houve forte atuação de investidores estrangeiros na ponta vendedora.

Mais uma vez, o cenário internacional foi preponderante para o rumo dos negócios. A Grécia teve seu rating rebaixado. O mesmo aconteceu com 16 bancos espanhóis e outras quatro regiões do país. Circularam rumores de uma onda de saques nos bancos da Espanha. E dados da economia americana vieram abaixo do esperado e também decepcionaram os investidores.

O Ibovespa fechou em baixa de 3,31%, aos 54.038 pontos, na mínima do dia. É a menor pontuação em quase sete meses. O volume financeiro voltou a ser forte, de R$ 8,351 bilhões. Para o investidor estrangeiro, que está sujeito também ao efeito do câmbio, a perda do Ibovespa em dólar alcança 10,6% em 2012.

Repetindo a cena vista no começo desta semana, a bolsa "passou reto" por dois suportes gráficos, dos 55.300 pontos e os 54.500 pontos. "O mercado perde referências quando temos fortes quedas consecutivas", alerta o analista técnico da Mycap, homebroker da Icap Corretora, Raphael Figueredo. A próxima parada do Ibovespa, segundo o especialista, está nos 53.200 pontos e, na sequência, os 51.800 e 49.400 pontos. Abaixo disso, o mercado pode buscar a casa dos 47 mil pontos, algo que não acontece desde abril de 2009.

Mas depois de uma sequência tão longa e forte de quedas, Figueredo vê boas chances de um repique hoje. Nesse caso, o Ibovespa testaria a resistência dos 56 mil pontos. E se a Europa der uma trégua, a agenda de eventos desta sexta pode animar os investidores. Estreia hoje na Nasdaq o Facebook, maior rede social do mundo. A companhia de Mark Zuckerberg e também do brasileiro Eduardo Saverin levantou US$ 16 bilhões em sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), a maior da história entre as empresas de tecnologia. Os papéis saíram a US$ 38 cada.

Voltando à Bovespa, Petrobras PN devolveu todo o ganho de anteontem, com perda de 4,45%, para R$ 18,43. Vale PNA fechou em baixa de 3,65%, a R$ 34,78. E OGX ON perdeu 5,59%, para R$ 10,97.

O diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobras, Almir Barbassa, reiterou que a companhia ainda não tem metas definidas de produção de petróleo e gás para este ano. "Estamos reavaliando nossos ativos", disse, em teleconferência sobre o balanço do primeiro trimestre. As estimativas de produção total da Petrobras para 2012 também foram alvo de intensa curiosidade por parte dos analistas em fevereiro, durante a teleconferência da empresa sobre os resultados do quarto trimestre de 2011.

LLX ON (-7,46%, a R$ 2,48) liderou as perdas do Ibovespa, seguida por Braskem PNA (-7,12%, a R$ 10,95) e Usiminas ON (-7,12%, a R$ 13,29). Esses papéis foram "vítimas" do "stop loss", resumiu um operador. "Ações com menor liquidez sofrem mais quando o investidor quer sair de qualquer jeito." Apenas duas ações do principal índice da bolsa resistiram em alta: CCR ON (2,09%, a R$ 15,62) e MRV ON (1,65%, a R$ 9,81). Reportagem do Valor de ontem mostra que o tráfego voltou a ter crescimento robusto nas estradas brasileiras.