Título: Valorização do dólar derruba metais na LME
Autor: Gómez, Natalia
Fonte: Valor Econômico, 12/09/2006, Empresas, p. B7
Os metais tiveram fortes quedas ontem, liderados pelo níquel, que caiu US$ 450 na Bolsa de Metais de Londres. A valorização do dólar, que teve sua quarta alta seguida, atraiu os fundos para este tipo de investimento e causou a venda de posições em commodities metálicas. Segundo Marcelo Mello, analista do Banco Standard, há mais de dois anos os fundos têm feito o movimento inverso, migrando do dólar para as commodities para se protegerem da desvalorização da moeda. "Os metais são uma alternativa porque a demanda mundial está aquecida e a oferta apertada", explica. De acordo com Mello, a queda dos metais deveu-se a uma venda técnica e não significa o início de um período de redução nos preços.
"As cotações continuam em patamares muito elevados em relação aos últimos anos", diz. O cobre, que era cotado a US$ 1,6 mil a tonelada em 2002, chegou a atingir US$ 8,8 mil em maio deste ano, puxado pelo aumento da demanda chinesa.
Ontem, mesmo com queda de US$ 261 em relação a sexta-feira, o metal está cotado a US$ 7.590 em Londres. Durante o dia, ele chegou a cair US$ 360, maior declínio desde 17 de agosto. Na divisão Comex da Bolsa Mercantil de Nova York, o metal caiu 15,05 centavos de dólar, cotado a US$ 3,4175 a libra-peso.
O níquel fechou a US$ 27,8 mil a tonelada para entrega em três meses, uma queda de US$ 450. À vista, o metal caiu US$ 945, a cotado a US$ 29.305, abaixo do recorde de US$ 29.950 em 22 de agosto. O alumínio fechou a US$ 2.548,50 a tonelada para entrega em três meses, após alcançar a maior queda desde 11 de maio, quando estava cotado a US$ 2.395. O zinco caiu US$ 175 para US$ 3.405 a tonelada.
Sinais de enfraquecimento do crescimento global também estimularam os investidores a vender commodities. A França, terceira maior economia da Europa, divulgou ontem uma queda inesperada na produção industrial em julho, mesmo mês em que a oferta das fábricas e minas dos Estados Unidos cresceu a um ritmo menor do que junho. "O aumento da demanda por metais vai diminuir um pouco justamente quando a oferta começar a crescer", diz David Thurtell, analista do mercado de metais no BNP Paribas em Londres.
O índice de preços Reuters-Jefferies CRB caiu 6,38 pontos, ou 2%, para 314,02 depois de atingir 313,78, o mais baixo desde 30 de novembro. Desde maio, o índice CRB caiu 14% a partir de seu recorde. Todas as commodities do índice caíram, menos a gasolina. Gás natural, cobre, açúcar e milho também impulsionaram as quedas. Os contratos futuros de ouro para entrega em dezembro caíram US$ 20 para US$ $597,30 a onça troy (31,10 gramas) na Comex, depois de atingir US$ 589,60, o menor preço desde 30 de junho.