Título: Montadora apresenta projeto de dois novos carros para fábrica do ABC
Autor: Olmos, Marli
Fonte: Valor Econômico, 14/09/2006, Empresas, p. B7

A Volkswagen está pronta para anunciar o projeto de fabricação de dois novos modelos de carros em São Bernardo do Campo (SP). A decisão - único meio de evitar o fechamento da fábrica mais antiga da montadora - depende de uma assembléia decisiva, que deverá reunir os 12 mil empregados da unidade durante a troca de turnos hoje à tarde.

A expectativa se estende à fábrica em São José dos Pinhais, no Paraná, onde está a linha de montagem do modelo Fox para o mercado brasileiro. Se a proposta do programa de demissões voluntárias no ABC for aprovado pelos trabalhadores, a Volks deslocará a linha do Fox, destinada à exportação para a Europa, do ABC para o Paraná. Isso reduzirá o número de cortes de empregos que a empresa pretendia fazer também na unidade paranaense. O programa original previa a eliminação de 900 postos nessa fábrica já neste ano.

A direção da empresa e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC fecharam um acordo para não se pronunciar publicamente a respeito do assunto antes da assembléia de hoje. Os dirigentes sindicais tendem a defender a proposta da empresa que, por sua vez, aguarda apenas a aprovação da assembléia para prosseguir com o plano de enxugamento. O programa de cortes de pessoal já começou na fábrica localizada em Taubaté (SP).

Existe uma forte tendência de os trabalhadores do ABC se interessarem pelos incentivos à demissão voluntária. A Volks oferece 1,4 salário por ano de trabalho na empresa, além das verbas rescisórias. Boa parte dos empregados do ABC têm 15 ou mais anos de casa. Essa proposta é válida apenas para os primeiros 1,5 mil inscritos. A partir daí o incentivo cai para um salário extra por ano de trabalho e será ainda mais reduzido com o tempo. Segundo o sindicato, o processo de ajuste prevê a eliminação de 3,1 mil empregos na fábrica do ABC ao longo de três anos.

O projeto de produção de dois novos modelos de veículos representa a salvação para a Volks no ABC. A empresa produz nessa fábrica o Polo, a Kombi, parte do Gol e o Fox destinado à Europa. O Santana saiu de linha no início de agosto. Sem novos carros e a perspectiva do fim de exportação do Fox para a Europa, cresceria a ociosidade numa fábrica que tem mais empregados do que precisa.

Esses trabalhadores estão protegidos por um contrato de estabilidade no emprego assinado há cinco anos por Peter Hartz, então vice-presidente mundial de Recursos Humanos, que deixou a empresa recentemente.

Em São José dos Campos, no interior de São Paulo, os empregados da General Motors ameaçam entrar em greve se a montadora não elevar sua oferta de reajuste dos salários. Após uma rodada de negociação com os representantes dos trabalhadores que terminou à zero hora de ontem, a GM propôs 4,19% de reajuste, mais abono de R$ 650. Os metalúrgicos, que têm data-base neste mês, reivindicam reajuste de 13,8% por cento, além da reposição da inflação.

A empresa diz que aguarda a decisão das assembléias e não vai comentar a ameaça de greve. Os trabalhadores fizeram duas assembléias ontem, uma em cada turno, e a proposta da GM já havia sido rejeitada na votação realizada de manhã, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região.