Título: Mais pessimistas, CEOs dos EUA veem risco crescente à economia
Autor: Burritt , Chris
Fonte: Valor Econômico, 12/06/2012, Internacional, p. A10

Os principais executivos americanos estão ficando mais pessimistas quanto a uma recuperação no segundo semestre, uma vez que a expansão do desemprego e a crise da dívida na União Europeia (UE) ameaçam as perspectivas de crescimento interno.

Altos executivos de empresas que vão da General Motors à Hewlett-Packard, passando pela Manpower, dizem estar preocupados com a saúde da economia americana. Embora economistas prevejam uma expansão persistente para este ano e 2013, os executivos vislumbram um crescente número de obstáculos capazes de reduzir o crescimento.

No mês passado, os empregadores americanos criaram o menor número de postos de trabalho desde junho de 2011, enquanto empresas como a joalheria Tiffany & Co. e a fabricante de colchões Tempur -Pedic International reduzem suas projeções de contratações para o ano como um todo. As autoridades europeias, ao mesmo tempo, enfrentam dificuldades em solucionar uma crise que jogou pelo menos 8 das 17 economias da zona do euro na recessão. As eleições presidenciais americanas são outro motivo de preocupação, disseram os principais executivos.

"Há tantas incertezas", disse Jeffrey Joerres, principal executivo da provedora de trabalhadores temporários Manpower, sediada em Milwaukee. "Se essas incertezas continuarem se acumulando e nenhuma delas for solucionada, teremos uma pausa nas contratações, em vez da atual desaceleração."

Depois da expansão de 1,7% registrada em 2011, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos deverá aumentar 2,2% em 2012 e 2,4% em 2013, segundo previu a mediana dos 70 economistas consultados do dia 1º ao dia 5. As estimativas recuaram 0,1% em relação às formuladas no mês passado.

Os principais executivos, mesmo os que contêm seus próprios gastos e contratações, veem os postos de trabalho como o principal motor do crescimento. A rede de mercearias Albertsons, da Supervalu, informou na semana passada que extinguirá até 2.500 postos de trabalho. A Hewlett-Packard anunciou a maior rodada de demissões dentre todas as empresas americanas neste ano, de 27 mil funcionários, segundo dados reunidos pela Bloomberg.

"A economia parece simplesmente estar avançando aos tropeços", disse Meg Whitman, principal executiva da Hewlett-Packard, em entrevista na semana passada. "Ela não dá mostras de estar ficando significativamente melhor."

As preocupações dos empregadores, associadas à queda vertical dos preços dos imóveis residenciais, fizeram com que os consumidores americanos relutem em empreender reformas onerosas da casa, disse o presidente do conselho administrativo e principal executivo da Lowe"s Cos., Robert Niblock. A Lowe"s, a segunda maior varejista americana de decorações e artigos para reforma da casa depois da Home Depot, está fechando mais de 500 cargos corporativos por meio de Programas de Demissões Voluntárias neste ano, após cortar 1.700 gerentes de loja em 2011.

"Do ponto de vista macroeconômico e de geração de empregos, estamos tentando ser suficientemente cautelosos nas nossas perspectivas", disse Niblock à imprensa após a assembleia geral de acionistas da empresa do dia 1º. "Sempre dizemos, "bem, o segundo semestre do ano ou o ano que vem vão ser melhores"."

Esse sentimento pode estar arrefecendo. A Lowe"s reduziu no mês passado sua projeção de lucros para o ano como um todo e foi seguida nessa iniciativa, na semana passada, pela fabricante de colchões Tempur-Pedic, que despencou um recorde de 49% depois de reduzir as estimativas de lucro e receita para 2012. A Tiffany também diminuiu no mês passado suas projeções de lucros e vendas para o ano como um todo depois que a receita de sua principal loja caiu, prejudicada pelos cortes dos bônus de Wall Street e pela queda de turistas europeus nos EUA.

O relatório de nível de emprego de maio, que mostrou que a taxa americana de desemprego subiu para 8,2%, em relação aos 8,1% do mês anterior, "consolidou nosso ponto de vista de que este é um ambiente de baixo crescimento", disse, na quarta-feira passada, Carol Tome, diretora financeira da Home Depot.

O principal executivo da General Motors, Dan Akerson, afirmou no mês passado estar "cautelosamente otimista" com relação à economia americana. A GM, a maior montadora dos EUA, encabeçou o grupo de cinco das seis maiores empresas automobilísticas americanas na semana passada que registraram aumentos mensais das vendas no país inferiores às estimativas dos analistas.