Título: Preço menor estimula importação da Ásia
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Fonte: Valor Econômico, 19/09/2006, Especial, p. A16

A Ásia está suprindo o apetite de compras do Brasil no exterior. No primeiro semestre, o volume de importações brasileiras vindas dessa região cresceu 58% ante igual período de 2005. Para os produtos oriundos do Mercosul, do Nafta e da União Européia, o aumento nas quantidades importadas atingiu apenas 1,7%, 5,8% e 1,8%, respectivamente. A Ásia conquistou recentemente a posição de maior fornecedora de produtos para o Brasil. A região responde por 25% das importações do país em valores, superando a União Européia com 22%.

Com um ritmo de crescimento acelerado e uma política agressiva de comércio exterior, a Ásia vem ocupando espaço no comércio global, com especial destaque para a China. Nas trocas comerciais com o Brasil, não é diferente. A quantidade de mercadorias chinesas importadas pelo país aumentou 55% no semestre. Os dados são da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).

Os preços das mercadorias que o Brasil compra da China caíram 0,7% no primeiro semestre do ano em relação a igual período de 2005. Portanto, a alta de 54% nas importações de produtos chineses em valores nesse período é explicada exclusivamente pelo aumento das quantidades.

"O consumo no Brasil aumentou, mas a produção industrial não acompanhou. Boa parte do aumento de importação é para suprir uma necessidade de consumo dos brasileiros", explica Genilson Fontana, economista da MCM Consultores. "E em bens de consumo, a Ásia é hoje o produtor mais competitivo."

Nos bens de consumo duráveis, a quantidade importada pelo Brasil de produtos chineses cresceu 91% no semestre - o maior percentual entre todas as categorias de uso. As compras de equipamentos eletrônicos chineses cresceram 86%, de tecidos, 75%, e de material elétrico, 56%.

Também é destaque o desempenho dos bens de capital, cujo volume importado da China aumentou 74%. As compras de máquinas e tratores chineses por empresas brasileiras avançaram 98% de janeiro a junho em relação a igual período de 2005.

As importações brasileiras de bens intermediários chineses também avançaram 56% em quantidade de janeiro a junho desse ano ante o mesmo intervalo em 2005. O volume de produtos siderúrgicos importados da China cresceu 24,5%, enquanto a quantidade de petróleo e petroquímicos chineses avançou 84,8%.

Os fabricantes de roupas e calçados estão entre os quais mais reclamam da concorrência da China, um país muito competitivo nesses setores. Paradoxalmente, o volume de importações de calçados chineses caiu 6%, e de artigos de vestuário, 7%, no primeiro semestre do ano. Sérgio Vale, economista da MB Associados, afirma que esses setores são mais prejudicados pelo contrabando desses produtos do que pelas importações formais.

A quantidade de produtos importado pelo Brasil da Argentina, sócio no Mercosul, cresceu apenas 3,5% nos primeiros seis meses do ano. Destaque para a alta de 90% nos volumes adquiridos de bens de consumo duráveis. Esse percentual foi influenciado pelo desempenho do setor automotivo. A quantidade de veículos importada pelo Brasil no vizinho no primeiro semestre do ano avançou 44%.

O México também está se tornando um importante parceiro do Brasil graças ao setor automotivo. O volume de importações oriundas do México cresceu 38% no semestre, com alta de 440% em veículos. Graças à valorização do real, os sofisticados modelos fabricados no México e Argentina começam a chegar mais baratos no país. (RL)