Título: Expedito pede afastamento da diretoria do BB
Autor: Romero, Cristiano
Fonte: Valor Econômico, 21/09/2006, Política, p. A11

O diretor de gestão de risco do Banco do Brasil, Expedito Afonso Veloso, pediu afastamento temporário do cargo até que seja esclarecido seu suposto envolvimento com a compra de um dossiê contra políticos do PSDB.

O conselho de administração do BB determinou a abertura de uma investigação interna para apurar desvio de conduta. As possíveis penas incluem simples advertência, demissão de cargo de diretor ou até mesmo demissão dos quadros do banco.

O banco estima que a apuração irá levar de 15 a 30 dias e, enquanto não há o resultado, Expedito continuará a receber o salário de diretor - que, segundo o balanço do segundo trimestre, é de R$ 20.073,60. Expedito, um dos 974 petistas que ocupam cargo de confiança no Executivo e pagam contribuição ao partido sobre o salário, também é funcionário de carreira do banco.

Expedito entrou em férias no dia 14 de agosto para se unir à campanha de reeleição de Lula. Em tese, já se passaram mais de 30 dias, mas fontes do BB dizem que não é incomum funcionários acumularem duas férias para gozar de uma só vez, intercalando os períodos com os cinco dias anuais de licença-assiduidade concedidos pelo BB.

Expedito é acusado de se envolver na compra de um dossiê que vincula o candidato a governador de São Paulo, José Serra, à máfia das sanguessugas. Na carta em que pede afastamento, Expedito diz que não comunicou à direção do BB suas atividades nas férias.

Embora Expedito seja visto internamente no BB como um funcionário com as qualificações exigidas para exercer o cargo, a avaliação é que ele deve às suas ligações com o PT sua rápida ascensão na hierarquia. Ele é graduado em economia pela Universidade de Viçosa e concluiu mestrado na Fundação Getulio Vargas, em 1998. É professor de estatística e de finanças em cursos de pós-graduação.

Até 2002, porém, ele era gerente de divisão. No governo Lula, foi alçado à condição de gerente da unidade de gestão de risco, em substituição a José Marques de Lima, que foi para a Seguradora Aliança do Brasil.

Nessa promoção, pulou um degrau na carreira - a gerência executiva da unidade de gestão de risco. "A carreira no BB tem critérios muitos rígidos e uma promoção rápida como essa só acontece se estivermos diante uma sumidade", afirma um executivo.

Expedito assumiu o comando da unidade de gestão de risco já com a promessa de que seria transformada em diretoria. O compromisso foi cumprido em outubro de 2005, quando foi feita uma reestruturação no organograma. Não é incomum, porém, os bancos criarem diretorias para cuidar da gestão de risco - a área vem ganhando importância e cuida, por exemplo, da adequação dos bancos ao acordo internacional de requerimento de capital mínimo, conhecido como Basiléia 2.

Como diretor, Expedito era subordinado diretamente ao vice-presidente de crédito, controladoria e risco global, Adézio de Almeida Lima, outro dos 974 militantes do PT que ocupam cargos de confiança e pagam dízimo ao partido. Embora Expedito fosse reconhecido nos corredores do BB como um militante do PT, sua atuação era considerada discreta e nem um pouco radical. Desde agosto, Ricardo Forni já responde interinamente pela diretoria.