Título: Reforma ministerial começa já na quarta
Autor: Jeronimo, Josie; Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 01/11/2010, Política, p. 7

Como o chefe da Casa Civil deve liderar a transição, o atual ocupante - escolhido às pressas após a saída de Erenice - é chamado a reunir-se com Lula. Novo dono do cargo está indefinido

O escândalo da Casa Civil envolvendo a ex-ministra Erenice Guerra continua dando dor de cabeça a Dilma Rousseff, agora presidente eleita. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou ontem que o decreto que rege a transição de governo indica que o coordenador da equipe é o chefe da Casa Civil. O problema é que, desde a saída de Erenice decisão tomada às pressas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando as denúncias contra a ex-ministra começaram a afetar o desempenho eleitoral de Dilma , a Casa Civil foi interinamente entregue a Carlos Eduardo Esteves. Paulo Bernardo admitiu ontem que o governo só conheceu o nome do interino da Casa Civil depois da saída de Erenice, pois a própria ex-ministra não pertencia ao primeiro escalão e Esteves era uma espécie de substituto da substituta.

Pelo decreto, Esteves, que nem sequer teve o direito de usar a residência oficial da Casa Civil desde que assumiu a cadeira deixada por Erenice, em 16 de setembro, seria alçado ao importante posto de coordenador da equipe de transição do governo. No término do governo Fernando Henrique Cardoso, o então ministro da Casa Civil, Pedro Parente, coordenou, pelo lado do governo, a transição. Antonio Palocci foi o interlocutor do PT.

Tendência Depois de amanhã, o presidente Lula se reunirá com Carlos Eduardo Esteves. A pauta do encontro ainda não foi divulgada, mas aliados afirmam que o presidente deve comunicar ao interino que precisará fazer mudanças na pasta para encerrar o imbróglio iniciado com Erenice. A transferência de Paulo Bernardo, do Planejamento para a Casa Civil, é uma solução analisada pelo governo. Se isso acontecer, o atual titular do Planejamento, que é amigo pessoal de Dilma, pode ser o primeiro nome do novo ministério. À frente da Casa Civil na transição, a tendência é a presidente eleita manter Paulo Bernardo no posto quando assumir. Mas o ministro desconversa. O coordenador da equipe de transição, da parte do governo, já está definido, por um decreto do presidente Lula, que vai ser o ministro da Casa Civil. (Uma possível mudança) vai ser entendida entre o presidente e o candidato eleito.

EM JANEIRO, NOVOS ROSTOS

Denise Rothenburg Enviada Especial

Porto Alegre Ainda no fim do primeiro turno, quando muitos petistas confiavam na vitória sem a necessidade de segundo turno, o comando da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República vinha discutindo em conversas muito reservadas quais critérios fixar para a ocupação de espaços no primeiro escalão do futuro governo. Chegaram a três pilares básicos: 1) as áreas que a presidente escolherá para entregar aos poucos integrantes da sua equipe, especialmente os cargos palacianos, considerados inegociáveis, 2) os ministros que, por gozar da simpatia e confiança da antiga colega de Esplanada, serão convidados a permanecer, ainda que em outra função e 3) aqueles que serão indicados pelos partidos que compõem a base de apoio do novo governo.

No primeiro grupo estão aquelas pessoas que acompanharam a candidata na campanha ou trabalharam com Dilma na Casa Civil. Giles Carriconde de Azevedo, secretário-executivo adjunto da Casa Civil quando Dilma foi ministra, por exemplo, tem com a presidente eleita uma relação muito parecida com aquela de Lula e Gilberto Carvalho, o que o torna nome forte para a Chefia de Gabinete pessoal. Ele é considerado nome certo para ocupar a Secretaria de Direitos Humanos no lugar de Paulo Vannuchi.

Na segunda lista que vem sendo conversada entram aqueles que já detêm status de ministro e devem continuar no governo Dilma Rousseff. Paulo Bernardo, do Planejamento que terá a mulher, Gleisi Hoffmann, senadora em Brasília , permanecerá na equipe. Nesse grupo estão ainda Alexandre Padilha, de Relações Institucionais; Luciano Coutinho, do BNDES; Fernando Haddad, da Educação, além do time da equipe econômica: Guido Mantega, ministro, Nelson Machado, secretário-executivo, e Nelson Barbosa, secretário de Política Econômica, todos da Fazenda.

Na turma que desembarcará na Esplanada pelas mãos dos aliados, as movimentações, mesmo com a vitória decretada, só estão no começo. De qualquer modo, no caso do PR, a tendência é oferecer o retorno de Alfredo Nascimento que foi ministro dos Transportes e deixou o cargo para concorrer ao governo do Amazonas.

No PMDB, há quem diga que o vice-presidente eleito Michel Temer não abrirá mão de manter Wagner Rossi na Agricultura, mas certamente haverá briga entre petistas e peemedebistas para preencher as demais cadeiras.