Título: Maioria de Perillo na Assembleia goiana torna impeachment improvável
Autor: Magro , Maíra
Fonte: Valor Econômico, 19/07/2012, Política, p. A9

Parlamentares de oposição na Assembleia Legislativa de Goiás consideram que não há clima para um impeachment do governador Marconi Perillo (PSDB), sugerido por lideranças petistas em Brasília após a divulgação de novas notícias vinculando Perillo, Carlinhos Cachoeira e a construtora Delta.

"Entendemos que há muito material, indícios e até mesmo confirmações que permitiriam, sim, o pedido de impeachment do governador", diz o deputado estadual Mauro Rubem (PT-GO), integrante da CPI criada na Assembleia estadual para investigar ligações de políticos com a Delta. "Mas precisamos investigar mais, porque sem um amadurecimento das demonstrações de envolvimento do governo, um pedido de impeachment agora não iria adiante", afirma.

Um impeachment proposto pela casa legislativa em Goiânia seria improvável porque Perillo conta com ampla maioria na Assembleia - dos 41 deputados, somente 12 são de oposição. Mesmo entre os cinco integrantes da CPI estadual, três são aliados do governador.

Tanto é que, até agora, a CPI da Delta tem investigado a oposição: pediu a quebra de sigilo do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), e do ex-governador Íris Rezende (PMDB), adversário de Perillo. O deputado Mauro Rubem reclamou da demora no envio de alguns documentos. "O próprio governo não mandou os contratos da Delta para a CPI de Goiás".

O presidente da Assembleia goiana, Jardel Sebba (PSDB), criticou o que chamou de tentativa de "interferência" de petistas no Congresso Nacional nos trabalhos da assembleia goiana. "Não posso permitir que um parlamentar tente interferir dessa maneira no poder Legislativo goiano, que é soberano", declarou.

Ele se referia à afirmação feita pelo líder do PT na Câmara dos Deputados, Jilmar Tatto (SP), de que a Assembleia Legislativa de Goiás deveria abrir um processo de impeachment contra Perillo. O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), também defendeu que a CPI do Cachoeira remeta à Assembleia goiana documentos que possam embasar um pedido de deposição de Perillo.

"Ao dizer como devemos conduzir as nossas atividades na Assembleia, o líder do PT na Câmara parece desmerecer o esforço dos deputados que fazem parte da CPI", reclamou Sebba. O presidente da Assembleia goiana também acusou os líderes petistas de "investir contra Perillo" para tentar tirar o foco do julgamento do mensalão, marcado para começar em 2 de agosto.