Título: PT alia-se a PP em Santa Catarina para derrotar candidato aliado a Alckmin
Autor: Jurgenfeld, Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 03/10/2006, Política, p. A12

O terceiro colocado para o governo de Santa Catarina, José Fritsch (PT), deverá se aliar a Esperidião Amin (PP), no segundo turno das eleições. Embora Fritsch ainda não tenha anunciado o apoio, essa é a direção mais provável, depois que o petista condicionou seu apoio à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "A eleição de Lula é agora a mais importante. Terá apoio no Estado o candidato que apoiar oficialmente a sua reeleição", disse.

Embora seja de um partido de direita, Amin deverá ter o apoio do PT porque o primeiro colocado, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), construiu aliança com PSDB e PFL - justamente para eleger Geraldo Alckmin (PSDB). "O apoio a Silveira só acontecerá se ele resolver não apoiar Alckmin, uma suposição que eu acho muito difícil", disse Fritsch.

Fritsch fez 14% dos votos válidos no primeiro turno. Amin ficou em segundo, com 32,77%, e Silveira, que tenta a reeleição, teve 48%. A decisão do PT é a mais aguardada em Santa Catarina já que os demais partidos não tiveram boa votação. O quarto colocado, o PSB de Antonio Carlos Sontag, fez apenas 2,44% dos votos, sendo que P-SOL e PDT não conseguiram chegar a 1%.

A eleição de domingo foi acirrada e Silveira ganhou com uma diferença de 500 mil votos sobre Amin, número próximo aos votos de Fritsch, 468 mil, e o apoio do PT para a Amin fará diferença.

Amin, no entanto, ainda evita falar sobre alianças. Tem feito contatos com todos os partidos e parece disposto a apoiar Lula. No primeiro primeiro turno, não declarou preferência para a Presidência e defendeu o voto em quem não prejudicasse seu desempenho. Antes mesmo do dia 1, ele também já vinha conversando com petistas, apostando que a eleição fosse para o segundo turno. Ele chegou a se reunir com Eurides Mescolotto, presidente do Besc, um dos nomes importantes do PT no Estado.

Fritsch, que no primeiro turno quis desfazer boatos de que apoiaria Amin, diz que a decisão coletiva do partido para o segundo turno vai se sobrepor à decisão individual. "Por lógica, não apoiaria ninguém". "Mas no segundo turno, você escolhe dos males o menor".

Do lado de Silveira, Leonel Pavan (PSDB) prefere ainda não descartar uma aliança com Fritsch, apesar de improvável. "Em política, nada é impossível". Ele afirmou que a estratégia para o segundo turno será buscar votos nos municípios de Florianópolis, Blumenau e Itajaí, onde não conseguiram o primeiro lugar, ocupado por Amin.