Título: Investida no financiamento ao consumo puxa ação do BB
Autor: Carvalho, Maria Christina
Fonte: Valor Econômico, 03/10/2006, Finanças, p. C3

As ações ordinárias do Banco do Brasil (BB) foram um destaque de alta, ontem, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Os papéis subiram 3,78% para R$ 49,30, animadas pelo acordo que o banco fez com a Localiza Rent a Car para financiar a venda de veículos usados. Parte da valorização também foi atribuída ao movimento de alta generalizada dos papéis de estatais, movido pela expectativa dos investidores de uma nova onda de privatizações se Geraldo Alckmin ganhar o segundo turno da eleição presidencial, em 29 de outubro.

O analista do Banco Pactual, Pedro Guimarães, enviou aos clientes relatório prevendo que o Banco do Brasil vai ganhar US$ 1 bilhão com a parceria com a Localiza durante os 10 anos do acordo. A previsão é que o BB vai aumentar o financiamento de automóveis em R$ 600 milhões por ano, o equivalente a 150% da carteira de veículos. A taxa de crescimento esperada é de 15% ao ano. O analista também prevê uma receita anual de R$ 160 milhões com a venda de seguros.

As ações ordinárias da Localiza também subiram, 4,65% para R$ 47,20 uma vez que a parceria lhe dará mais fôlego no negócio de venda de veículos usados. A Localiza renova sua frota a cada 12 meses, em média. No ano passado, a empresa comprou 26 mil veículos e vendeu 18,7 mil. Fazer uma boa revenda é importante porque reduz os custos de amortização da empresa. Ter um parceiro forte em funding contribui para alavancar os resultados.

Para o BB, avalia o Pactual, o acordo coloca o banco em um dos negócios mais importante da área de financiamento ao consumo, onde os principais bancos de varejo concorrentes já estão bem posicionados.

O Bradesco, por exemplo, tem uma operação forte de financiamento ao consumo, inclusive para a compra de veículos, desde que adquiriu a Finasa, além de possuir parcerias com outras empresas de varejo, como a Casas Bahia. Segundo cálculos do Pactual, a carteira de financiamento ao consumo de R$ 18,9 bilhões representa 21,4% do total de R$ 88,6 bilhões de crédito do Bradesco e 7,6% do lucro líquido consolidado. Dos R$ 18,9 bilhões, R$ 13,1 bilhões são financiamento de veículos.

No caso do Itaú, a área de financiamento ao consumo (Itaucred) com R$ 19,6 bilhões em crédito representa 26,2% da carteira total de R$ 74,8 bilhões do banco, ainda segundo informações do Pactual, e 8,1% do lucro líquido. No caso da Itaucred, a concentração em veículos também é grande, com 73,7% do total.

Guimarães considera que o Unibanco é o que melhor tira proveito do financiamento ao consumo. O aumento da inadimplência afetou os resultados do primeiro semestre, quando o financiamento ao consumo com R$ 2 bilhões representou 5% da carteira total de R$ 41,9 bilhões, e 0,6% do lucro consolidado. Em igual período de 2005, porém, a carteira era equivalente a 13,3% do total e a 7% do resultado.