Título: Meta do grupo RAD é criar uma companhia a cada ano
Autor: Borges, André
Fonte: Valor Econômico, 27/02/2007, Empresas, p. B2

Zohar Zisapel dispensa gravatas. Aos 58 anos de idade, o executivo nascido em Tel Aviv transita pelos corredores de sua empresa da maneira mais informal possível, usando camisa e calça jeans desbotada, um perfil bem diferente daquele que adotou durante os 11 anos em que trabalhou para o serviço de inteligência do governo de Israel.

Zohar deixou o exército 25 anos atrás para, com seu irmão, Yehuda Zisapel, montar uma empresa de tecnologia da informação (TI). "Éramos engenheiros com idéias na cabeça e queríamos colocá-las em prática. O exército não era o melhor lugar para nós", diz.

Com algum dinheiro no bolso, em um país onde ainda não existia um mercado de capital risco, os jovens irmãos Zisapel fundaram a RAD Communications, empresa especializada em sistemas e equipamentos para conectividade e transmissão de dados. "Não pensávamos em ter negócios para além de Israel, mas com o tempo passamos a ver a possibilidade de explorar outras regiões", conta Zohar.

Os negócios cresceram rápido e os jovens cientistas decidiram montar novas operações para alocar outros projetos que lhes vinham à cabeça. "Resolvemos não misturar as coisas, criávamos uma nova empresa para cada iniciativa", comenta Zohar, que logo passou a capitalizar seus negócios com a chegada de alguns fundos de capital de risco.

Nascia ali o grupo RAD, companhia que, desde a sua fundação, já colocou em operação 27 empresas de TI. Destas, 8 têm capital aberto com papéis negociados na bolsa eletrônica Nasdaq, outras 5 fecharam as portas.

Fotógrafo amador e jogador de tênis nas horas vagas, Zohar é hoje, ao lado de seu irmão, um dos maiores incubadores de novos projetos de tecnologia de Israel. "Criar novas empresas é como cuidar de um bebê que acaba de nascer. É o que gostamos de fazer. É nisso que continuaremos a apostar."

Ao todo, o grupo RAD tem hoje 14 companhias sob seu controle. A meta da empresa, cujos produtos são distribuídos em 164 países, é trabalhar com pelo menos um novo projeto a cada ano.

O grupo veio para o Brasil há cerca de dez anos, por meio de sua divisão RAD Communications, fabricante de equipamentos de telecomunicações. Desde 2004, a filial brasileira monta seus próprios equipamentos, em uma fábrica instalada em Bragança Paulista, interior de São Paulo. Com faturamento de US$ 720 milhões no ano passado, a RAD tem na América Latina um de seus principais mercados em todo o mundo. Hoje a região representa 11% da receita global da RAD Communications.

Curiosamente, a companhia cresce no mercado internacional sem contar com qualquer operação na área de segurança da informação, mercado em que Israel já é mundialmente reconhecido.

Zohar não descarta a possibilidade de vir a trabalhar com algum projeto na área de criptografia de dados. Mas fica por aí. "Entrar no mercado de segurança significa vender para o exercito", diz o executivo. "É um meio muito burocrático, político. Não temos a intenção de entrar nessas concorrências." Mas o fato de conhecer detalhes das Forças Armadas não ajuda? "Eu conheço a área o suficiente para não querer me concentrar nela", brinca. (AB)