Título: Usiminas faz CSN perder R$ 1 bilhão no 2º trimestre
Autor: Ribeiro , Ivo
Fonte: Valor Econômico, 15/08/2012, Empresas, p. B9

Em linha com expectativas de prévias de alguns analistas, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), quarta maior fabricante de aço do país, divulgou ontem prejuízo de R$ 1,03 bilhão. O resultado foi afetado em grande parte pela decisão, por parte da empresa, em reconhecer perdas de R$ 1,6 bilhão com a aquisição de ações da concorrente Usiminas entre 2010 e meados do ano passado. No meso trimestre de 2011, a empresa apresentou lucro de R$ 1,01 bilhão.

É o primeiro prejuízo da CSN desde 2002, ano em que a companhia passou ao comando executivo de Benjamin Steinbruch, principal acionista da empresa, que é também o presidente do conselho de administração.

No item "outras receitas e despesas", que abrangeu a perda com os papéis da Usiminas - os últimos números públicos são 11,97% de ações ON e 20,14% de PN -, a companhia registrou resultado negativo de R$ 2,28 bilhões. Analistas do Santander e da SLW Corretora estimaram que a perda com esses títulos da concorrente poderia ser de até R$ 2 bilhões.

Não considerando o valor dessa perda, o resultado operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação), ajustado, ficou em R$ 1,12 bilhão no trimestre. O valor é inferior aos R$ 1,77 bilhão de um ano atrás. Na mesma base de comparação, a margem Ebitda caiu de 41% para 27%.

Em função do aumento de 20% nos custos operacionais, a margem bruta da companhia recuou de 42% no mesmo trimestre de 2011 para 28% neste ano.

A receita líquida consolidada da empresa alcançou 4,14 bilhões no trimestre, puxada por maior venda de aço, resultado da consolidação integral da subsidiária alemã SWT, adquirida no fim de janeiro. O total comercializado de produtos siderúrgicos foi de 1,4 milhão de toneladas. Desse volume, 1 milhão de toneladas ficou no mercado interno.

A receita de venda na siderurgia cresceu R$ 140 milhões, para R$ 2,65 bilhões. Já em minério de ferro, houve uma forte retração na mesma base de comparação - de R$ 1,52 bilhão no segundo trimestre de 2011 para R$ 1,14 bilhões no trimestre passado.

O resultado da CSN no segundo trimestre foi impactado também pela menor venda de minério de ferro bem como pela retração dos preços e dos prêmios pagos pela commodity. Com isso, a companhia apresentou recuo de quase R$ 400 milhões na receita líquida do negócio de mineração.

Os preços do produto no mercado spot chinês fecharam julho abaixo de US$ 118 a tonelada para minério com 62% de teor metálico. O prêmio para cada 1% de teor retraiu-se de US$ 5,5 a US$ 6 a tonelada no ano passado para US$ 2,60 no mês passado.

Segundo o balanço da companhia, o volume vendido no trimestre, considerando a participação de 60% na controlada Namisa, somaram 4,5 milhões de toneladas, ante mais de 5,5 milhões de toneladas um ano antes. A receita líquida do negócio totalizou R$ 1,14 bilhão, 26% a menos que um ano atrás, e representou 26,9% da receita total da CSN.

O Ebitda do setor, de R$ 607 milhões, respondeu por 50,3% do total do resultado operacional da siderúrgica. A margem do minério foi de 53%; a de aço ficou em 18%, mesmo com minério próprio.