Título: Comércio eletrônico cresce mais de 30% e supera R$ 13,3 bilhões
Autor: Borges, André
Fonte: Valor Econômico, 05/01/2007, Empresas, p. B1

Depois de fechar o ano de 2006 na liderança mundial de tempo médio de permanência na web, à frente de países como Estados Unidos e França, o internauta brasileiro também quebrou recordes de audiência e de transações relacionadas ao comércio eletrônico.

Enquanto o número de usuários residenciais ativos (pessoas que acessam a rede pelo menos uma vez por mês) cresceu cerca de 15% no ano passado, somando aproximadamente 15 milhões de pessoas plugadas em dezembro, a audiência registrada nos sites de comércio eletrônico saltou em 30% sobre o ano anterior, atingindo a marca de 8,7 milhões de internautas. Há três anos, esse volume era de 3,9 milhões de pessoas. "Isso significa que mais da metade das pessoas que navegaram pela rede visitou sites de produtos", diz o coordenador de análise do Ibope Inteligência, Alexandre Magalhães. "É um sinal claro de que o usuário de internet brasileiro está amadurecendo rapidamente."

A média da audiência brasileira em sites de produtos, segundo o analista do Ibope, supera a de países como Espanha e Estados Unidos, perdendo só para a Alemanha, onde mais de 70% dos internautas freqüentam lojas on-line.

Tanto interesse nas vitrines virtuais fez com que a venda on-line de bens de consumo - itens como livros, CDs e máquinas fotográficas -, que em 2002 somou R$ 860 milhões, superasse a marca de R$ 4 bilhões em 2006, de acordo com dados da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico e da E-Consulting.

Sozinho, o período de Natal respondeu por cerca de 18% das vendas de bens de consumo, atingindo aproximadamente R$ 750 milhões, conforme dados preliminares da empresa de pesquisas E-bit.

O volume do ano, se somado às transações eletrônicas registradas pelo setor de turismo (venda de pacotes e passagens) e de automóveis (transação efetivada pela web a partir da casa do consumidor ou da loja), ultrapassou R$ 13,3 bilhões em 2006, alta de 35% sobre os R$ 9,89 bilhões do ano anterior. "Quem compra pela internet ainda é uma elite, mas os números mostram a consistência desse mercado", comenta o diretor da E-Consulting, Daniel Domeneghetti.

Em 2006, a venda on-line de veículos, que sempre liderou o ranking de comércio eletrônico medido pela consultoria, deixou de ser maioria. Do montante vendido pela rede, os carros abocanharam 48,5%, índice que atingia 52% em 2005. No ano passado, o internauta brasileiro gastou R$ 6,4 bilhões com automóveis. Outros R$ 2,8 bilhões foram destinados a operações on-line ligadas ao turismo.

As informações do Ibope também chamam a atenção para um novo perfil de consumo na rede. O internauta, que em média levava de 12 a 18 meses para fazer sua primeira compra pela web, passou a fazê-la, em média, seis meses após ter contato com o meio eletrônico. Em 2006 também ganhou espaço um novo tipo de oferta de produtos. O mercado, comenta o analista Alexandre Magalhães, passou a apostar mais na especialização de lojas on-line, e não apenas em redes com oferta de milhares de produtos, como Submarino e Americanas. "Registramos uma forte audiência em sites de farmácias e lojas de roupas, por exemplo."

Já há casos de sites de vinhos que recebem a visita de mais de 100 mil pessoas por mês. Também é possível encontrar lojas de perfumes com 500 mil acessos mensais, segundo o analista.

O ritmo do ano passado não deve desacelerar em 2007. A previsão da Câmara de Comércio Eletrônico é de que o comércio na web total atinja R$ 17,4 bilhões. Outra tendência apontada pelo Ibope é de que as mulheres aumentarão a participação nessas operações. Hoje, embora elas representem 48% da audiência geral da web no país - índice que no ano 2000 era de 39% -, apenas 33% das páginas de sites de comércio são visitadas por mulheres.

Nos Estados Unidos, as vendas on-line (excluindo o setor de turismo) atingiram a cifra de US$ 102 bilhões em 2006, volume 24% superior ao registrado no ano anterior, segundo a consultoria comScore Networks. Do total, US$ 24,6 bilhões foram movimentados apenas durante as festas de Natal.