Título: Genesis ameaça quem for favorável à operação
Autor: Vieira, Catharina e Magalhães, Heloisa
Fonte: Valor Econômico, 18/10/2006, Empresas, p. B3

Na guerra dos bastidores da operação da Telemar, alguns investidores têm partido para movimentos heterodoxos. A administradora de recursos Genesis, sediada em Londres, enviou um e-mail às corretoras e bancos com as quais opera fazendo ameaças a quem divulgar relatórios favoráveis à reestruturação da Telemar.

No texto, James Juraka expressa seu desapontamento com dois relatórios publicados naquele dia. "O que os controladores estão fazendo é um assalto legalizado", afirma, acrescentando que a ameaça feita pelos executivos da companhia na apresentação a investidores (como a de que algo pior poderia acontecer) faz do Brasil um lugar ainda mais perigoso para acionistas estrangeiros.

James conclui com a ameaça: "A Genesis regularmente revê suas comissões de corretagem (...) baseada na qualidade dos relatórios e dos serviços prestados e temo que o trabalho deles (dos dois bancos com relatórios favoráveis) destrua o trabalho positivo dos outros". O Valor tentou repetidas vezes um contato com Juraka, por telefone e e-mail, mas ele não atendeu a reportagem. A Genesis tem mais de US$ 3 bilhões sob sua gestão, em cinco fundos. No maior deles, com US$ 2 bilhões, o Brasil responde por 7,4% do portfólio. O grupo tem 6,25% das preferenciais da Telemar (TNLP4).

O Valor apurou que entre os que receberam o e-mail estão Credit Suisse, UBS, Pactual, Deutsche, Santander, Itaú, Unibanco e Merrill Lynch. Um analista disse que, embora considere a operação injusta, crê que ela será aprovada. Ele condena a estratégia do Genesis. "Eles se rebaixaram. Não podem ameaçar nossa independência."

A Comissão de Valores Mobiliários informou que não era de sua alçada avaliar a ação do Genesis.