Título: Elétricas perdem espaço em carteiras recomendadas
Autor: Zampieri , Aline Cury
Fonte: Valor Econômico, 17/09/2012, Investimentos, p. D2

O setor de energia elétrica não é mais o mesmo. Pelo menos quando o assunto é a presença de suas ações nas carteiras recomendas por analistas. Depois do anúncio do pacote do governo federal para o segmento, bancos e corretoras já divulgaram relatórios informando a troca de posições em listas de ações preferidas.

Em um cenário sem esses papéis, o BTG Pactual vê as ações de telefonia, administradoras de cartões e bancos como boas opções de dividendos. As dez principais escolhas de ações fora do setor elétrico são: Oi (com "dividend yield" de 14,9%), Telefônica (9,5%), Vale (6,5%), Redecard (6,2%), BicBanco (6%), CSN (5,8%), Daycoval (5,8%), Cielo (5,8%), Banco do Brasil (5,8%) e Helbor (5,7%).

Entre as ações de energia que continuam como boas pagadoras de proventos estão as empresas menos afetadas pelas mudanças recentes, dizem os analistas do BTG Pactual Carlos Sequeira, Bernardo Miranda, Fabio Levy e Bruno Andreazza. "Gostamos de Light, Taesa e Energias do Brasil, com "yields" de 10,5%, 9,2% e 7,9%, respectivamente", afirmam.

A Bradesco Corretora retirou Cemig da carteira de dividendos, incluindo no lugar as ações da BM&FBovespa. Completam a carteira de dividendos os papéis de Banco do Brasil, Cielo, Light e Telefônica Brasil. A corretora afirma que, além da "total falta de previsibilidade das consequências das medidas" do governo, a expectativa inicial do mercado era que apenas 477 MW (megawatts) da atual capacidade instalada de geração da Cemig seriam afetados. Como as medidas também contemplam as concessões de geração que ainda não tiveram sua primeira renovação, as concessões de outras quatro usinas passaram a ser afetadas, num total de 2.922 MW (42% da atual capacidade total instalada).

A Ativa Corretora, por sua vez, decidiu substituir a geradora Tractebel pela distribuidora Coelce em sua carteira defensiva, que passou a contar também com os seguintes papéis: CCR, Comgás PNA e Light. "O segmento de distribuição não tem exposição à medida do governo", diz a casa.

Pedro Galdi, estrategista da SLW Corretora, afirma que a próxima versão da carteira mensal de dividendos, que sairá em outubro, terá forte redução na participação das elétricas. A carteira atual já reflete a retirada de Transmissão Paulista e Eletrobras PNB, com inclusão de Eternit e Cielo. Mas ainda estão no portfólio as elétricas Cemig, AES Tietê, Coelce, Tractebel e CPFL.

Na Fator Corretora e no BB Investimentos, as carteiras já estavam sem papéis de elétricas. A estrategista Lika Takahashi, da Fator, afirma que a carteira de dividendos deixou de ter elétricas há alguns meses, justamente em função das perspectivas ruins. Os papéis escolhidos são Mahle Metal Leve, Vivo, Eternit, Valid e Daycoval.

No BB Investimentos, o estrategista Hamilton Moreira Alves diz que a carteira sugerida para setembro, com 13 ações, já não tinha mais papéis de energia. Ele ressalta que boa parte da substituição também teve como meta a busca por papéis atrasados, já que as elétricas chegaram a subir bem no ano. As ações da carteira do BB são BTG Pactual, CCR, Ecorodovias, EZTec, Fibria, Gerdau, Iochpe-Maxion, OGX, Petrobras PN, Randon PN, Rossi Residencial, Ultrapar e Usiminas PNA.