Título: Previdência privada capta 17,7% mais em 2006 e atinge R$ 96,6 bi
Autor: Pavini, Angelo
Fonte: Valor Econômico, 09/02/2007, Finanças, p. C2

Os fundos abertos de previdência privada bateram recorde de aplicações em 2006, com R$ 22,9 bilhões, 17,69% acima dos R$ 19,45 bilhões do ano anterior. O número da Associação Nacional da Previdência Privada (Anapp) - que reúne as 44 empresas do setor - não desconta rentabilidade ou resgates e inclui os fundos PGBL e VGBL, Fapis e planos antigos de previdência privada. Em dezembro, o total de planos individuais chegava a 7,8 milhões, 510 mil a mais do que 2005. Juntos, eles tinham R$ 96,6 bilhões aplicados. O total de reservas, incluindo capital das seguradoras, atingiu R$ 102 bilhões.

O resultado deste ano foi muito melhor que o de 2005, quando o crescimento ficou em modestos 3,9% em boa parte em função das mudanças nas regras de tributação, que confundiram um pouco os investidores. Na época, foi criada uma tabela regressiva de imposto de renda, alternativa à de imposto na fonte. Pelo novo sistema, o investidor que ficar mais de dez anos pagará alíquota de 10% na hora de receber o benefício, mas se sacar antes, pagará até 35% de imposto.

A maior parte das aplicações em 2006 foi para os planos VGBL, que não permitem abater os valores do imposto de renda e são indicados para quem não declara pelo modelo completo. Esses fundos receberam R$ 15,432 bilhões, 32,69% a mais do que em 2005 e 67,41% do total aplicado em previdência aberta. Os PGBLs, que permitem deduzir até 12% da renda tributável, somaram R$ 4,555 bilhões, apenas 0,18% acima do total do ano anterior e 19,90% do total de captação do ano.

Já os fundos tradicionais, que não são mais vendidos pelas seguradoras, captaram R$ 2,878 bilhões 10,45% abaixo do valor do ano anterior. "Esse desempenho reflete a migração dos planos tradicionais para outros planos", analisa Osvaldo do Nascimento, presidente da Anapp e diretor da Itaú Vida, Previdência e Capitalização.

Os planos para menores de idade foram destaque em 2006, com captação de R$ 1,159 bilhão e crescimento de 39,23% na comparação com 2005. Já os planos individuais tiveram um crescimento de 20,13%, com um total de R$ 18,277 bilhões captados. Os planos corporativos, organizados pelas empresas para seus empregados, tiveram um avanço discreto de 1,52%, para R$ 3,454 bilhões.

O crescimento das aplicações foi bastante agressivo se comparado ao crescimento da economia, lembra Nascimento. Em boa parte, esse aumento refletiu as aplicações de investidores de alta renda, que encontram nos VGBLs alternativa não só de poupança de longo prazo com tributação menor - graças à alíquota de 10% -, mas também como opção de planejamento sucessório, já que esses fundos não entram nos inventários. "Houve um crescimento expressivo de aplicações de pessoas de mais idade e de alta renda", afirma ele. Ao mesmo tempo, o crescimento das aplicações para crianças e jovens mostra uma tendência de segmentação do setor e maior preocupação com a poupança de longo prazo.

Para este ano, Nascimento espera um crescimento bruto das reservas do setor de 30%, para R$ 130 bilhões. Em dezembro, a captação dos planos de previdência ficou em R$ 3,497 bilhões, recorde para o mês, e 4,82% acima do valor de dezembro de 2005, informa a Anapp.