Título: Dólar registra leve baixa à espera de atuação do BC
Autor: Osse , José Sergio
Fonte: Valor Econômico, 04/10/2012, Finanças, p. C2

A monotonia que se instalou no mercado de câmbio só deve ser quebrada neste mês caso o Banco Central decida antecipar a rolagem de US$ 2,99 bilhões em swaps cambiais reversos que vencem no dia 1º de novembro, segundo operadores. Enquanto isso não ocorre, o equilíbrio entre volume de compras e vendas deve se manter, praticamente eliminando a volatilidade e limitando as variações diárias no fechamento.

"Não acontecendo nada de novo e muito grave no mundo, o câmbio vai ficar nisso que estamos vendo até o fim do ano", disse Reginaldo Siaca, superindentente de câmbio da Corretora Advanced.

Ontem, a moeda americana fechou o dia em queda de 0,2%, a R$ 2,023, menor cotação em uma semana e meia.

Os agentes do mercado acreditam que o BC realmente fará a rolagem dos títulos, para evitar pressão de baixa do dólar caso os deixe vencer. Alguns, inclusive, apostam que o mercado deve testar o piso de R$ 2, forçando o BC a efetivamente rolar os contratos de swap antecipadamente.

Há a expectativa, também, que a autoridade monetária possa realizar uma colocação de novos "swaps reversos", que têm o efeito de uma compra de dólar futuro, caso a cotação volte a se aproximar muito de R$ 2, piso da banda informal que impôs ao mercado.

A última intervenção do BC no câmbio ocorreu no dia 17 de setembro, quando vendeu US$ 2,172 bilhões dos US$ 3,5 bilhões em contratos de swap cambial reverso que ofereceu em leilão.

"O mercado só vai se mexer mesmo se alguém tentar peitar o BC, cutucando para ver quando ele entra", disse Sérgio Machado, gestor da Vetorial Asset. Segundo ele, nem mesmo o fluxo cambial de setembro, anunciado ontem, causou grande impacto nos negócios com a moeda americana. "O mercado está totalmente equilibrado", disse ele.

O fluxo cambial fechou setembro negativo em US$ 543 milhões, após saída líquida de US$ 1,181 bilhão apenas na semana passada, segundo dados apresentados ontem pelo BC. A conta comercial, que acompanha as entradas e saídas de recursos provenientes de exportações e importações, fechou o mês passado com déficit de US$ 1,739 bilhão. A conta financeira, por sua vez, apresentou saldo positivo de US$ 1,205 bilhão em setembro.

Como o mercado esperava, o fluxo do mês passado não indicou grandes entradas de recursos no país, mesmo após a nova rodada de estímulo econômico nos Estados Unidos, o QE3, promovida pelo Federal Reserve em 13 de setembro.