Título: Faltam R$ 9 bi anuais para saneamento, diz CNI
Autor: Simão , Edna
Fonte: Valor Econômico, 16/10/2012, Brasil, p. A4

O governo federal precisa investir cerca de R$ 17 bilhões por ano para conseguir universalizar os serviços de água e esgoto no país, porém, essas aplicações não passam de R$ 8 bilhões. Na avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), as deficiências na área de saneamento básico reduzem a produtividade dos trabalhadores, aumentam os custos de instalação de empresas e prejudicam o desenvolvimento de setores como o de turismo.

Os prejuízos para o setor produtivo serão discutidos hoje no seminário Saneamento Básico: Como Eliminar os Gargalos e Universalizar os Serviços, organizado pela CNI, em parceria com Instituto Trata Brasil e Associação Brasileira da Indústria de Base (ABDIB). No evento, a indústria defenderá a criação de incentivos, como desoneração dos investimentos, para aumentar a participação da iniciativa privada no setor. Atualmente, apenas 10% dos brasileiros são atendidos por empresas privadas de saneamento.

Um levantamento feito pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e Instituto Trata Brasil, com números referentes a 2009, mostra que a produtividade dos trabalhadores que têm acesso à rede de saneamento básico é 13,3% maior do que aqueles que vivem em cidades onde não há serviços de água e esgoto. Segundo estudo, a universalização poderia injetar R$ 41,5 bilhões na economia por ano devido ao aumento da produtividade do trabalhador, causado pela menor incidência de doenças e, consequentemente, de ausência no trabalho. Esse ganho mais que compensaria os investimentos que deveriam ser feitos para levar o saneamento básico a 47% da população brasileira (91 milhões de pessoas) que não têm acesso à rede de abastecimento de água e de coleta de esgoto.

Segundo o presidente do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, o investimento em infraestrutura registrou crescimento nos últimos anos, porém, é insuficiente para as necessidades do país. Já o diretor de Políticas e Estratégia da CNI, José Augusto Fernandes, disse que no seminário quer chamar a atenção do governo sobre a necessidade de acelerar o ritmo dos investimentos. Além da desoneração do investimento, a CNI vai defender a melhora do sistema de regulação e a realização e choque de gestão e eficiência.

Para suprir a falta de investimentos, empresas privadas estão destinando recursos para melhoria do saneamento básico. A Veracel Celulose investiu em projeto de saneamento básico para beneficiar duas comunidades que vivem próximas as suas fábricas. Em Barrolândia, no município de Belmonte (BA), a companhia construiu 12 quilômetros de redes de esgoto 6 quilômetros de drenagem fluvial, além de uma estação de tratamento de esgoto. No distrito de Ponto Central, no município de Santa Cruz Cabrália (Bahia), a Veracel Celulose investiu, entre 2009 e 2010, na implantação do sistema de tratamento de água. Segundo o gerente de sustentabilidade da Veracel Celulose, Renato Gomes Carneiro Filho, o perfil dessas comunidades mudou com a melhoria de qualidade de vida devido à redução de doenças. Ele ressaltou que os investimentos nas cidades nas foram possíveis graças a parcerias com os governos estadual e municipal.