Título: Coloquei mais 40 no peito do que 45, disse Aécio sobre apoio ao PSB
Autor: Manzoni, Leandro ; Souza, Marcos de Moura e
Fonte: Valor Econômico, 25/10/2012, Política, p. A8

O segundo turno em Campinas, interior de São Paulo, entre o deputado federal Jonas Donizette (PSB) e o petista Marcio Pochmann, ex-presidente do Ipea, aproximou dois pré-candidatos à Presidência da República. O senador Aécio Neves (PSDB) participou de ato de campanha de Donizette a pedido do governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos. "Coloquei mais 40 no peito do que 45", disse o senador, em alusão ao número dos dois partidos nas urnas, afirmando que fez mais campanhas para candidatos do PSB do que para os do PSDB. O PSDB tem o vice da coligação de Donizette, Henrique Magalhães Teixeira.

A vitória de Donizette em Campinas é vista por Campos como prioritária para os objetivos de expansão do PSB no país, assim como Petropólis e Duque de Caxias, no Rio. No primeiro turno, o partido do governador de Pernambuco teve expansão mais forte no Norte e Nordeste.

A jornalistas, Aécio disse ontem estar construindo uma nova oposição e que cabe ao PSB saber se o vai participar dela. O PSB é parte da base da presidente Dilma Rousseff, embora nestas eleições tenha rachado com o PT em algumas cidades - entre elas Belo Horizonte e Recife.

Para o presidente do PSDB de Minas, o deputado estadual Marcus Pestana, essa aproximação entre Aécio e Campos será mais corriqueira e visível a partir de agora, o que não significa necessariamente que os dois estarão juntos em 2014. "Isso é importante para o Aécio porque reforça a imagem que ele tem do político mineiro, habilidoso, agregador", avalia Pestana. "E para o Eduardo também é importante porque ele já sinalizou que o PSB e ele não serão sublegenda do PT".

O que está no horizonte tucano é uma candidatura de Aécio em 2014 tendo Campos como vice.

Para Pestana, os dois estão se posicionando para 2014. "O jogo do Aécio está mais claro. Ele, como líder da oposição, tem grau maior de liberdade. O Eduardo ainda deixa uma interrogação no ar."

Os tucanos trabalham com dois cenários de disputa com três candidatos: Dilma, Aécio e Marina Silva. No outro cenário, aparece um quarto nome: Eduardo Campos.

A ex-senadora Marina Silva (sem partido-AC) também esteve na cidade mas em evento pró-Pochmann. Os dois assinaram carta-compromisso em que o petista se compromete a seguir diretrizes socioambientais, caso eleito. A ex-senadora disse que o apoio não é partidário, mas programático. "Hoje estou num movimento suprapartidário, que não sei se vai virar um partido. Mas luto para que o ideal da sustentabilidade seja fortalecido", disse.

Pochmann e Donizette têm mais similaridades que diferenças. Ambos prometem a implantação de escolas de tempo integral. Pochmann fala na construção de Centro Educacionais Unificados (CEUs), projeto implantado em São Paulo no governo Marta Suplicy (2001-2004). Donizette fala na construção de Núcleos da Esperança, escolas de tempo integral construídas em prefeituras do PSB que, segundo diz, têm menor custo de construção que os CEUs. Ambos prometem acabar com a falta de vagas nas creches.

No transporte coletivo o petista diz que vai implantar a tarifa de ônibus ilimitado, em que o passageiro vai pagar quantia fixa mensalmente e não terá limites para fazer as viagens de ônibus. Já Donizette promete a ampliação de tempo em que o passageiro pode fazer mais de uma viagem com apenas uma passagem, de uma hora e meia para duas horas.

Ibope divulgado terça-feira mostrou Donizette com 45%, sem oscilação em relação a pesquisa anterior. Pochmann tem 37% e recuou dois pontos percentuais.. Nos votos válidos, Donizette aparece com 55% e Pochmann com 45%. A margem de erro é de quatro pontos percentuais.