Título: Governança vai atrair recursos neste ano
Autor: João Luiz Rosa
Fonte: Valor Econômico, 06/01/2005, Empresas/Tecnologia, p. B3

As novas exigências globais de governança corporativa - em especial a lei americana Sarbanes-Oxley e o conjunto de regras Basiléia II, este último voltado para os bancos - devem se firmar como um dos principais impulsos aos investimentos em tecnologia da informação neste ano. "Essas regras terão efeito recorrente", diz Miguel Petrilli, vice-presidente da unidade de tecnologia da IT Mídia. "Não será como no ano 2000", afirma o executivo, em referência ao ciclo de investimentos criado pelo bug do milênio. Na época, uma falha de computador ameaçava paralisar os equipamentos durante a passagem de 1999 para 2000, o que mobilizou companhias no mundo inteiro. Passada a data, porém, os investimentos cessaram bruscamente. Agora, a situação é diferente, dizem os analistas. A lei Sarbanes-Oxley, por exemplo, em princípio afeta 22 grandes empresas brasileiras - aquelas que negociam ADRs, um recibo de ações negociadas em bolsas americanas. A expectativa, porém, é de que o tipo de procedimento exigido pela legislação americana, que visa tornar as empresas mais transparentes, vai se firmar como um padrão para empresas de vários portes, e não apenas as inicialmente afetadas. No Banco do Brasil, a adaptação às regras de Basiléia II é tratada como um dos quatro principais projetos corporativos em andamento na área de TI, diz José Luiz Cerqueira César, vice-presidente de tecnologia e logística do banco. A Gol, que negocia ações em Nova York, também dá tratamento especial à governança corporativa, devido à lei Sarbanes-Oxley, explica Wilson Wilson Maciel, vice-presidente de TI e gestão da companhia. Se as regras de governança vieram para ficar, outros itens que já foram consideradas potenciais fontes de impulso para a área de TI estão sendo revistos. É o caso do modelo de ASP. Em um passado recente, o sistema foi recebido com entusiasmo no mercado. Em vez de comprar computadores ou servidores, tendo de contratar uma equipe para realizar determinado tipo de tarefa, o modelo propunha que as companhias alugassem tudo isso - incluindo os recursos humanos - pagando em troca uma taxa mensal pela prestação do serviço, como se fosse um aluguel. O laboratório Boehringer usa o sistema, mas o restringe a algumas áreas, como RH. "Para alguns atividades, o modelo funciona bem, mas o que é central para a companhia continua sendo feito dentro de casa", diz Rubens Nascimento Pinto, diretor de informática da empresa. É a mesma percepção da Petrobras. A empresa contratou serviços externos para o atendimento de problemas na área de TI. "É uma linha que estamos adotando, mas não de maneira agressiva", diz Marcelo Estellita, executivo responsável pela área de tecnologia da companhia. (JLR)