Título: Missão européia ainda insatisfeita com Sisbov
Autor: Zanatta, Mauro
Fonte: Valor Econômico, 29/03/2007, Agronegócios, p. B13

O mercado de US$ 1 bilhão da União Européia para a carne bovina brasileira deve ser mantido, mas está descartada a habilitação imediata de novas áreas em Estados atualmente excluídos das vendas para a região. Uma missão veterinária da UE, que avaliou por 14 dias as condições de produção e controles da defesa agropecuária no país, concluiu ter havido evolução em instalações e procedimentos das indústrias frigoríficas, mas ainda está insatisfeita com as falhas apresentadas pelo sistema de rastreabilidade de bovinos (Sisbov). "O modelo é muito bom, mas há inconformidades. O crédito não foi maior porque não está 100%, temos que admitir isso. Mas os europeus viram que há coisa boa sendo feita, que atende aos interesses deles", afirma o secretário de Desenvolvimento Agropecuário do Ministério da Agricultura, Márcio Portocarrero.

Portadora da mais ampla e detalhada lista de exigências já feitas pela UE ao Brasil, a missão deu sinais de que não avançará na habilitação de novas áreas no curto prazo, segundo participantes da reunião ocorrida na terça-feira. Assim, devem ser adiados os planos de produtores e indústrias de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Tocantins e parte de Minas. "A zona livre de aftosa não coincide, por enquanto, com a lista de habilitação para a Europa", diz um diretor.

Os dirigentes do ministério avaliam, no entanto, que houve um avanço nos procedimentos internos de frigoríficos. "Eles aprenderam", diz a fonte. Mas falhas processuais, como o tempo de espera dos animais em curral antes do abate, ainda impedem o cumprimento total das exigências européias. Maior cliente do agronegócio brasileiro, a UE exige o atendimento de suas normas e fiscaliza a aplicação das leis brasileiras.

A missão, chefiada pela veterinária holandesa Frankie De Dobbelaere, encontrou falhas graves no Sisbov. Houve problemas com as guias de trânsito de animais (GTAs), procedimentos de certificadoras e falhas na base nacional de dados. "Também temos que melhorar as auditorias internas pelo ministério. Mas a cadeia está amadurecendo", acredita Portocarrero.

Na próxima semana, duas reuniões tentarão ajustar procedimentos. Participarão pecuaristas, frigoríficos e certificadoras. Em 20 dias, a UE enviará seu relatório parcial. E o Brasil terá um prazo para responder a questões pendentes antes da discussão do documento pelos países-membros da UE.