Título: Mantega quer Nelson Machado na Super Receita
Autor: Safatle, Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 21/03/2007, Política, p. A8

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, aguarda o desfecho da reforma ministerial e, particularmente, se haverá mudança mesmo na Previdência Social, para promover um rearranjo na composição dos principais cargos da sua pasta. A peça do jogo de xadrez de Mantega só se moverá no momento em que Nelson Machado, atual ministro da Previdência, tiver que ceder a vaga para o presidente do PDT, Carlos Lupi. Assim que Lula confirmar oficialmente a escolha de Lupi, o ministro da Fazenda vai convidar Machado para assumir o cargo de secretário da Super Receita, na vaga hoje ocupada por Jorge Rachid. A confirmação de Lupi na Previdência é vista como o enterro definitivo de qualquer possibilidade de avanço da reforma, avaliam fontes do governo.

Outro movimento de Mantega seria para acomodar Demian Fiocca, caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva queira tirá-lo do comando do BNDES. Por enquanto o presidente não mencionou a possibilidade de mexer no BNDES, mas se isso vier a ocorrer Fiocca poderia ser transferido para a Secretaria do Tesouro Nacional, atualmente comandada por um funcionário de carreira, Tarcísio Godoy, ou para a secretaria-executiva, na vaga de Bernard Appy.

Machado e Fiocca foram trazidos para o governo federal por Mantega que os considera quadros bastante qualificados e não pretende deixá-los fora do segundo mandato de Lula caso seus cargos sejam usados para acomodações políticas.

A situação de Appy não está definida. Segundo assessores do ministério da Fazenda, ele já manifestou mais de uma vez vontade de sair, mas Mantega pensa em mantê-lo no ministério com uma missão específica: tocar a reforma tributária, assunto ao qual Appy tem se dedicado a estudar nos últimos tempos. Uma mudança já sacramentada é a exoneração de Marcelo Saintive, que deixa a secretaria de Acompanhamento Econômico. Esta será chefiada, a partir de 2 de abril, por Nelson Barbosa.

A lógica das mudanças de Mantega, assim, não é exatamente para mudar a estratégia de sua gestão na Fazenda, retirando todos os que ocupavam cargos de confiança na época de Antonio Palocci, mas sim de "acomodar talentos", segundo palavras de um assessor próximo ao ministro. A isso se soma, porém, uma preocupação com a nova agenda do ministério, que é a aprovação e execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a reforma tributária e as relações com o Congresso Nacional.