Título: ACM muda o tom e diz que tentará aproximar Lula da oposição
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 05/04/2007, Política, p. A7

A visita feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA) no Instituto do Coração (Incor), em São Paulo, há cerca de um mês, quando o senador oposicionista estava internado, começou a lhe render dividendos políticos. Ontem, ACM foi ao Palácio do Planalto agradecer o gesto de Lula e, depois de uma conversa "longa e amigável", saiu de lá com a missão de tentar uma aproximação do presidente com senadores da oposição.

"Foi uma conversa útil", disse ACM, admitindo que houve troca de elogios no encontro. Nem parecia o senador que, da tribuna, já chamou Lula de "corrupto número um do Brasil" e de um presidente "que não respeita a moralidade pública, que não é sério e que os momentos de lazer que tem são para embebedar-se". No encontro de ontem, o tom foi outro. "Eu sou muito respeitoso em relação ao presidente, principalmente pessoalmente", afirmou.

O baiano, que enfrenta um momento de revés político no seu Estado - com a eleição do petista Jaques Wagner para governador, a derrota do seu candidato a senador e, recentemente, a nomeação do pemedebista e seu desafeto político Geddel Vieira Lima como ministro da Integração Nacional - chegou a dar conselhos políticos a Lula.

"Eu disse a ele que um presidente que ganha uma eleição com 20 milhões de votos de diferença não precisa se submeter a ninguém. Ele não deve ficar refém de nenhum partido", contou ACM. "A força, inegavelmente, da eleição foi dele", disse o baiano, para quem Lula poderia escolher o melhor ministério, sem depender de indicações de partidos.

Com a tarefa de criar pontes com a oposição, ontem mesmo ACM falou com o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e com o líder do PSDB na Casa, Arthur Virgílio (AM). ACM transmitiu o interesse de Lula em conversar. Nada ficou marcado. Mas Tasso sinalizou com a possibilidade de atender o convite. "Temos que avaliar a grosseria de não aceitar", disse a senadores do PSDB e do DEM.

O líder do DEM, José Agripino (RN), foi cauteloso. Disse que, se receber um convite para dialogar com o presidente, consultará a opinião da bancada do partido. "Não vejo por que essa disposição repentina do presidente. Mas uma conversa passa pela disposição da bancada e por uma pauta pré-estabelecida", disse Agripino.